Título: PPS deve aprovar hoje tese do impeachment
Autor: Gilse Guedes e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Nacional, p. A9

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), disse ontem que o partido aprovará hoje, em reunião de sua executiva com a bancada parlamentar, a posição favorável ao impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Freire disse que o partido não pode tomar a iniciativa de pedir o impeachment, mas quer deixar clara sua posição sobre o assunto. Segundo ele, o impeachment de Lula se impõe porque são muito graves as denúncias contidas no documento do procurador-geral, Antonio Fernando de Souza, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.

"Estou me baseando na denúncia do procurador de que uma quadrilha assaltou o Estado brasileiro para permanecer no poder", afirmou o deputado. "Falta alguém na denúncia. É o sujeito oculto, e é necessário dar o nome dele: ele é o presidente da República e é o chefe desses que assaltaram o Estado

No Congresso, a oposição subiu o tom contra Lula novamente. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) defendeu abertamente que seja protocolado pedido de impeachment, mesmo diante da constatação de que um eventual processo contra o presidente só seria concluído após as eleições.

"Mesmo que não seja votado a tempo, temos que entrar com pedido de impeachment", disse ACM. E acrescentou: "Por muito menos, por um Fiat Elba (que ganhou de presente), o presidente Collor foi posto para fora". No entender de ACM, foi "por gentileza" que o procurador-geral Antonio Fernando de Souza não citou Lula na denúncia. "Mas eu não tenho obrigação de ser gentil", avisou.

Até agora, ACM dizia que a oposição não queria o "impeachment" de Lula e que o afastamento do presidente seria feito por meio das urnas. Em entrevista, após o discurso de ontem, ele esclareceu que um eventual processo de impeachment representaria um gesto político importante que poderia enfraquecer a candidatura à reeleição do presidente. No entanto, não descartou a possibilidade de Lula posar de vítima e usar o pedido a seu favor na campanha pela reeleição.Isso, segundo ele, é um risco que a oposição terá de correr.

Para o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, é preciso respeitar partidos e entidades que levantam o debate, mas ressalvou que "não pode haver irracionalidade política." Genro afirmou ainda que é natural que a oposição tente atingir o presidente Lula durante o depoimento de Bastos. "O governo até agora foi o alvo, faz parte da democracia. Não nos atemoriza qualquer ataque político. Estamos preparados para tomar medidas políticas."