Título: Alckmin promete 'ponto de equilíbrio' para o câmbio
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Nacional, p. A10

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, antecipou ontem as linhas gerais da política econômica que pretende adotar se for eleito. "Precisamos ter uma política fiscal mais dura e uma política monetária compatível com o crescimento, fazendo com que o câmbio volte ao seu ponto de equilíbrio", disse o ex-governador, ao participar de seminário sobre agronegócio promovido pelo PSDB em Mato Grosso.

"Nosso primeiro compromisso é com a macropolítica econômica que permita ao Brasil voltar a ser o país das oportunidades. A crise tem nome e sobrenome: é câmbio e câmbio." Ele apontou a alta taxa de juros como uma das causas da crise do agronegócio. "Temos os juros mais altos do planeta. A política fiscal é equivocada e existe uma inércia do Executivo federal", disse, repetindo críticas ao governo Lula. "É preciso ter governo que governa, que avança, que age, que toma atitudes, que saiba das coisas. Hoje, temos um governo que não sabe de nada, não ouve nada e não tem conhecimento de nada."

Em Cuiabá, ele adotou um discurso voltado para a economia e, particularmente, para o agronegócio, carro-chefe de Mato Grosso, responsabilizando o governo federal pela crise no setor. E prometeu recuperar a capacidade de investimento do governo. "O grande projeto do governo é o tapa-buraco das estradas; não investe em nada."

No seminário, Alckmin recebeu apoio do governador Blairo Maggi (PPS), que é adversário dos tucanos no Estado. "Quero deixar clara minha simpatia por sua candidatura. Se quisermos mudanças no País, temos de nos unir", disse Maggi, que é candidato à reeleição. Mas ele deixou claro que o apoio formal depende da desistência do deputado Roberto Freire (PPS-PE) de concorrer ao Planalto.

Ao lado dele, Alckmin defendeu a universalização do Seguro Rural, para cobrir problemas com a safra. "Se tivermos um seguro rural, podemos equacionar muito o financiamento do custeio agrícola." Além de enfatizar que o País vive a mais grave crise do agronegócio das últimas décadas, ele responsabilizou o governo do PT pela "enorme lentidão" em adotar medidas. "É preciso recuperar a capacidade de investimento do Estado. Precisamos fechar as torneiras do desperdício."