Título: Advogado critica a quebra ilegal de sigilo de caseiro
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2006, Nacional, p. A10

Defesa quer identificar os responsáveis; motorista confirma entrevista de Nildo ao 'Estado'

O advogado do caseiro Francenildo Santos Costa, Wlicio Chaveiro Nascimento, iniciou ontem os procedimentos para apurar o nome dos responsáveis pela quebra, sem autorização legal, do sigilo bancário de seu cliente. Ele disse que vai pedir ajuda do Ministério Público e da Polícia Federal para identificar o que entende ser, "uma violação a um direito legalmente assegurado pela Constituição". "Houve uma ilegalidade, Francenildo não é objeto de nenhuma investigação", lembrou.

Wlicio disse que passou a defender o caseiro, conhecido por Nildo, sem remuneração, para atender a amigos que se solidarizaram com o seu gesto de contar o que viu no período em que trabalhou numa casa do Lago Sul para assessores do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Em entrevista ao Estado e em depoimento à CPI dos Bingos, interrompido aos 55 minutos, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), o caseiro contou que Palocci era freqüentador da casa onde era feita distribuição de dinheiro para pessoas da chamada república de Ribeirão e realizadas festas com garotas de programa. Para o advogado, o que está havendo é uma "conspiração medíocre para calar fatos que realmente ocorreram".

Wlicio chama de "conspiração", além da violação da conta bancária do rapaz, o fato de a revista Época ter divulgado dados que seriam falsos sobre a conta bancária do caseiro na Caixa Econômica Federal.

Segundo o advogado, a reportagem sugere que ele recebeu dinheiro da oposição. A revista diz que ele recebeu R$ 38,6 mil. O caseiro mostrou extratos revelando que entrou na sua conta R$ 25 mil, depositados pelo empresário Eurípedes Soares da Silva. Nildo disse que Eurípedes é o pai que não o reconheceu. Segundo ele, o empresário depositou o dinheiro na sua conta depois de ele assinar um acordo extra-judicial prometendo não entrar na Justiça.

Ontem, o motorista Francisco Chagas da Costa, que trabalhou durante 11 meses para a república de Ribeirão em Brasília, confirmou ter visto "muitas vezes" Palocci na casa. Assim como Nildo, Costa contou que o ministro sempre chegava na mansão dirigindo um Peugeot prata, de propriedade do já falecido Ralf Barquete. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o motorista também confirmou ter levado um pacote de dinheiro com R$ 7 mil a Ademirson Ariovaldo da Silva, secretário particular de Palocci, do lado de fora do ministério. "Isso aí é uma coisa que eu não tinha relatado, mas eu me lembro."