Título: Associação quer crédito para ser acionista
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

O desespero parece ter tomado conta dos funcionários da Varig. Para os aviões da empresa continuarem voando, além de aceitarem 2.900 demissões e redução de salários de 30%, o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) propõe que os 7.600 funcionários tomem um empréstimo coletivamente a ser pago com desconto em folha. "O governo faz crédito consignado para compra de eletrodoméstico. Estamos propondo crédito consignado para investir em empresa", disse o coordenador do TGV, Márcio Marsillac.

Ele fez essa declaração ontem à noite, ao chegar ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde pretendia fazer a proposta de financiamento de "algo em torno de US$ 100 milhões". O empréstimo não seria tomado todo pelos empregados, e não seria para a Varig atual, mas para uma empresa "limpa, sem dívidas", a ser formada só com os ativos considerados bons da companhia aérea - a chamada Varig operacional -, que seria vendida em leilão judicial.

"Estimamos o valor da parte boa de US$ 600 milhões a US$ 2 bilhões", disse Marsillac. "Assim, os credores da Varig conseguiriam o melhor preço pelos bons ativos, reduzindo o prejuízo. A Varig Operacional ofereceria seus ativos como garantia."

Segundo fontes, o BNDES não tem como fazer uma operação direta para a Varig, por falta de garantias. Em tese, seria possível financiar um investidor interessado na compra integral ou parcial da companhia - como ocorreu quando a Varig vendeu as subsidiárias VarigLog e VEM e o BNDES financiou o grupo comprador. Em princípio, isso poderia se repetir agora, pois o banco considera que há urgência e os técnicos da instituição já estudam a questão com o governo.