Título: Papéis são resultado da moratória de 1987
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Economia & Negócios, p. B8

Em 1987, o governo brasileiro, sob a presidência de José Sarney, declarou moratória da dívida externa e suspendeu os pagamentos dos empréstimos tomados de bancos estrangeiros. O País ficou isolado, sem acesso ao crédito internacional. Assim como o Brasil, muitos outros países na América Latina tiveram de administrar crises da dívida nos anos 80.

Em março de 1989, foi anunciado pelo então secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Nicholas F. Brady, um plano para reestruturar e reduzir a dívida de vários países que haviam dado calote nos anos 80. O plano converteu as dívidas desses países com os bancos trocando-as por títulos que seriam negociados no mercado internacional. Além de emitir os bônus, os países deveriam reformar seus mercados. Os bônus do Plano Brady ficaram conhecidos como 'bradies'.

O Brasil aderiu ao Plano Brady em 1994, emitindo US$ 50 bilhões em 'bradies'. O presidente na época era Itamar Franco e o ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.

O principal 'bradie' (com maior volume de negociação) era o C-Bond. Ele foi por muito tempo o título mais negociado entre todos os papéis de dívida de países emergentes. Os 'bradies' são, portanto, uma herança do calote, da crise da dívida. A recompra ou quitação dos 'bradies' melhora a percepção de risco que se tem do Brasil. Hoje, o título mais negociado da dívida externa brasileira é o Global 40, lançado em agosto de 2000.