Título: Gasoduto terá participação de chineses
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Economia & Negócios, p. B10

A Petrobrás e a estatal chinesa de petróleo Sinopec assinaram ontem contrato de engenharia, suprimento, construção e montagem do gasoduto Cabiúnas (RJ)-Vitória (ES), chamado Gascav, e que corresponde à primeira parte do Gasene - Gasoduto de Interligação das Regiões Sudeste-Nordeste. O contrato representa um investimento de US$ 239 milhões de um total de US$ 450 milhões que serão aplicados neste trecho, sendo 40% financiados pelo banco de desenvolvimento chinês, o China Exim Bank, parte pelo BNDES e o restante com capital próprio da Petrobrás.

O trecho sob responsabilidade da Sinopec terá cerca de 300 quilômetros de extensão e deve estar concluído até setembro de 2007. O Gasene ainda possui outros dois trechos. No total, deverão ser investidos US$ 1,6 bilhão, segundo previsões do mercado. A Sinopec também será a responsável pelo maior trecho do projeto, de 900 quilômetros, ligando Cacimbas (ES) a Catu (BA). O processo de levantamento de preços entre fornecedores e empreiteiras para este trecho terá início em maio.

O terceiro trecho do Gasene é o Vitória-Cacimbas, que foi o primeiro a ser licitado e estava previsto para ser concluído em dezembro. O trecho, que corresponde a 125 quilômetros e foi orçado em US$ 120 milhões, teve 50% de suas obras concluídas até novembro, quando o consórcio Masa-ARG, responsável pela construção, rompeu o contrato alegando problemas financeiros. A Petrobrás acaba de contratar quatro empresas para tocar o projeto e espera concluí-lo até o final deste ano. Este trecho é importante para a estatal escoar o gás natural produzido nos campos de Peroá e Cangoá, no Espírito Santo, que está sendo reinjetado porque não pode ser transportado até a capital capixaba.

No total, o Gasene terá condições de escoar 20 milhões de m3 por dia, o equivalente a toda a produção nacional atual na Bacia de Santos e a quase à capacidade de transporte do Gasoduto Brasil-Bolívia (que é de 30 milhões de m3 por dia, dos quais 27 milhões são utilizados).

O Gasene vai suprir o déficit de oferta de gás para o Nordeste, aumentar a distribuição do gás boliviano e criar novos mercados.

Sua operação vai também permitir a exploração comercial das reservas atuais e futuras das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo .