Título: EUA e UE farão novas propostas de abertura
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Economia & Negócios, p. B11

Estados Unidos e Europa indicam ao Brasil que poderão trazer nesta semana novas propostas de abertura de seus mercados para certos produtos agrícolas para serem discutidas na Organização Mundial do Comércio (OMC). Apesar das promessas, o embaixador do País em Genebra, Clodoaldo Hugueney, não acredita que os governos poderão cumprir o prazo determinado pela OMC e fechar um entendimento sobre o ritmo dos cortes de barreiras até o final deste mês.

"Vamos ver o que é que nos trarão", afirmou o brasileiro, que ainda hoje definirá numa reunião com outros países emergentes se o Brasil apresentará às economias ricas uma nova proposta de cortes de taxas aduaneiras para produtos industriais.

A entidade mundial do comércio inicia um período que Hugueney classifica como "dramático". As reuniões que começam hoje e vão até sexta-feira são consideradas fundamentais para o futuro das negociações. Representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias dos Estado de São Paulo (Fiesp), da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e de outras entidades já desembarcaram em Genebra para acompanhar o governo brasileiro.

Para vários diplomatas consultados pelo Estado, caso não haja nenhuma demonstração de flexibilidade dos governos nas reuniões desta semana, não haverá motivos para convocar um encontro entre ministros no fim do mês, como previsto.

Em dezembro do ano passado, a OMC se reuniu em Hong Kong para tentar fechar um entendimento sobre essa liberalização. Mas, diante de um forte desentendimento entre europeus, americanos e os países emergentes, ficou estabelecido um novo prazo para que o acordo fosse fechado. Os governos estipularam o fim de abril como novo limite. Os ministros que estiveram em Hong Kong voltariam à OMC em Genebra para concluir o que ficou faltando para ser fechado em dezembro.

Mas, faltando menos de 15 dias para expirar o prazo, as posições dos países continuam distantes. Brasil e Estados Unidos insistem que os europeus precisam apresentar uma nova oferta de abertura de seu mercado para produtos agrícolas. Já Bruxelas insiste que o Brasil não pode cortar em apenas 50% suas tarifas para importação de bens industriais.