Título: Paredes, grades, beliches: tudo foi destruído
Autor: Camilla Rigi, Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Metrópole, p. C1,3

Foi aos poucos que os policiais se deram conta do estrago feito pelos presos na Cadeia Pública de Jundiaí. Tudo estava alagado, com muito entulho coberto pela fuligem. Não sobrou parede dividindo as 20 celas das duas alas do prédio - uma para detentos perigosos e outra para os primários. As grades de 12 das celas foram arrancadas. Foram arrebentados beliches de concreto - os ferros das estruturas viraram estiletes e lanças. Não sobrou colchão ou cobertor intacto. Só as paredes que isolavam as celas do corredor externo ficaram de pé. Às 15h30, o entulho já tinha enchido cinco caminhões e ainda havia muito o que retirar. Pedreiros com seus carrinhos e pás substituíram os presos nas celas. O objetivo era reconstruir o mais rápido possível as paredes destruídas da ala da frente - reservada para os primários, adolescentes e ameaçados de morte. Enquanto isso, mais de 400 presos foram isolados no fundo da cadeia, onde a destruição era ainda pior. A reforma ali será feita depois de concluída a da parte da frente. A polícia não sabe quanto custará a reconstrução.