Título: Cenário externo volta a preocupar
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Economia & Negócios, p. B16

Temor de aperto monetário mais longo nos EUA faz o dólar fechar na máxima do dia e o Ibovespa cair 1%

O cenário externo tumultuado voltou a incomodar os mercados locais. O aumento das vendas de imóveis nos Estados Unidos em fevereiro, quando os analistas esperavam um recuo (ver página B9), reacendeu o temor de que o aperto monetário continuará, e isso elevou os juros pagos pelos títulos do Tesouro americano. E, internamente, o caso Palocci acabou influindo mais que nos últimos dias.

O dólar fechou na cotação máxima do dia, em alta de 0,32%, para R$ 2,162, na roda da BM&F, e de 0,46% no balcão, enquanto o paralelo avançou 0,18%, para R$ 2,277. O Ibovespa caiu 1%, os juros futuros projetaram alta, o risco país subiu 1,31%, para 232 pontos, e o A-Bond perdeu 0,55%, vendido com ágio de 9,40%.

No câmbio, houve fluxo positivo, especialmente na primeira parte dos negócios, quando os exportadores se destacaram na venda e o comercial caiu. À tarde, o dólar subiu, refletindo a piora externa. No leilão de compra, o Banco Central (BC) teria adquirido US$ 80 milhões. Hoje, pelo 13º dia útil seguido, o BC não fará leilão de swap cambial reverso.

Na Bovespa, circulou o rumor de que Palocci poderá abandonar o barco, mas a boataria influenciou menos que a questão do aperto monetário nos EUA. E o mau desempenho das Bolsas americanas ajudou o Ibovespa a cair - o Dow Jones recuou 0,42%, a Nasdaq, 0,14%, e o S&P 500, 0,26%. O movimento financeiro foi de R$ 2,5 bilhões. "Se o Palocci sair, o mundo não acabará. Haverá apenas um tremorzinho, e depois o mercado retornará ao normal", comentou um operador.

As maiores altas do Ibovespa foram de Light ON (2,39%) e Embratel Par PN (2,32%).

No mercado de juros, um operador observou que "as incertezas sobre o rumo do fluxo para os emergentes têm gerado ajustes nas posições dos investidores externos, que estavam 'vendidos' nos contratos longos".