Título: BNDES prevê crescimento de 5%
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

Guido Mantega não vê nenhuma 'nuvem' para atrapalhar, e faz estimativa 1 ponto porcentual maior que a do BC

O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, prevê que a atividade econômica brasileira crescerá 5% neste ano - 1 ponto porcentual a mais que a previsão do Banco Central, que é de 4%. Em sua opinião, não há nenhuma "nuvem" para atrapalhar as boas perspectivas para a economia, que desta vez será impulsionada também pelo mercado interno. Para ele, o processo eleitoral não terá influência negativa e ainda há espaço para que as taxas de juros caiam de forma mais acelerada.

"A perspectiva de crescimento econômico é favorável e positiva. O mercado exterior continua favorável ao Brasil, não há nenhuma nuvem no horizonte, e o mercado interno está de vento em popa", afirmou. "O cidadão não se pergunta se há eleição neste ano. Ele está preocupado com o emprego e a renda ou a lucratividade de seu negócio", acrescentou Mantega.

Para o presidente do BNDES, o cenário econômico deste ano é semelhante ao de 2004, que também começou com redução da taxa básica de juros, a Selic, com menor variação da inflação e expansão das vendas internas. Conforme detalhou, a massa salarial, que corresponde a 35% do Produto Interno Bruto (PIB), está em expansão, assim como o emprego e o salário mínimo, cujo aumento para R$ 350, a partir de abril, deverá injetar mais R$ 25 milhões na economia em 2005. Além disso, disse ele, há "crédito abundante" para a população de baixa renda, tanto que as vendas do varejo já mostraram expansão de 3% a 4% neste início de ano.

Mantega disse ainda ser favorável a um superávit comercial menor, com aumento mais acelerado das importações, como forma de ajustar a taxa de câmbio, permitindo maior desvalorização do real em relação ao dólar. Porém o presidente do BNDES foi claro ao destacar que a contenção do processo de valorização cambial depende principalmente da queda dos juros básicos da economia.

TJLP

Apesar do adiamento da reunião de ontem do Conselho Monetário Nacional (CMN), na qual seria discutida a proposta de nova redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), Guido Mantega reafirmou que há espaço para uma queda dos atuais 9% para 7%. A TJLP é a taxa cobrada nos financiamentos do BNDES para projetos de investimento produtivo.

Para Mantega, a TJLP poderia cair para 7% ao ano, nível ainda um pouco acima da fórmula de cálculo da taxa, que é o resultado do somatório do risco país (250 pontos) e da projeção da inflação (4,5% ao ano). A reunião do CMN deverá ocorrer no dia 30. Segundo Mantega, o adiamento se deu por um problema "normal, de agenda" dos ministros que integram o CMN, e não por desacerto, no governo, sobre a evolução da TJLP.

O Ministério da Fazenda defende a teoria de que a TJLP deveria aumentar, para aproximar-se da taxa Selic, hoje em 16,5%. Mantega deixou claro que é favorável à aproximação, desde que seja para baixo. "Não é desejável o aumento da TJLP. Sou a favor de que a taxa Selic caia e possa caminhar de mãos dadas com a TJLP para baixo."