Título: Grupo explode bomba e acusa Ford e Mercedes
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Internacional, p. A14

Duas bombas de fabricação caseira foram colocadas ontem, sem deixar vítimas, na frente de concessionárias Ford e Mercedes-Benz em Buenos Aires, um dia antes do 30.º aniversário do golpe militar. Nos locais foram encontrados panfletos do autoproclamado Comando Rodolfo Walsh. "Que o poder econômico da ditadura pague. Empresas como a Ford e a Mercedes-Benz foram sócias da ditadura, cúmplices do

desaparecimento de trabalhadores. Trinta anos depois, continuam totalmente impunes", diz o texto dos panfletos. A primeira bomba explodiu de madrugada na frente da loja da Ford. A segunda foi localizada antes de explodir e detonada pelo esquadrão antibomba.

Em fevereiro, a matriz americana da Ford e sua filial na Argentina foram processadas na Justiça argentina pela suposta cumplicidade no seqüestro de delegados sindicais da empresa, em 1976.

Há também um processo aberto pelo desaparecimento de 14 trabalhadores da alemã Mercedes-Benz durante o regime militar. O jornalista e escritor Rodolfo Walsh, cujo nome é usado pelo

grupo que teria colocado as bombas, desapareceu em 25 de março de 1977, quando foi seqüestrado por paramilitares depois de publicar uma carta aberta denunciando as atrocidades da ditadura.