Título: Deputados do PMDB trocam socos e ofensas
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Nacional, p. A11

Escolha de líder termina em briga de alas governista e oposicionista

Incapaz de escolher seu candidato a presidente da República e há anos submetido à disputa das alas governista e oposicionista, o PMDB agora resolve divergências internas no tapa. Por volta da meia-noite de quarta-feira, as duas alas se enfrentaram na Secretaria-Geral da Mesa da Câmara. Houve socos, empurrões, xingamentos e quebra-quebra.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), mandou abrir sindicância para apurar os fatos e contabilizar os prejuízos ao patrimônio público. Por causa da confusão, Aldo adiou para a semana que vem a eleição dos novos presidentes das comissões, porque são os líderes que indicam os integrantes de todos os órgãos técnicos da Casa.

A vitória de um lado ou de outro pode mudar totalmente o rumo do comando das comissões. Ao PMDB caberá a Comissão de Fiscalização e Controle. Contra o governo, ela pode tornar-se um tormento; a favor, pode ser importante instrumento de ajuda da administração central.

A troca de tapas entre os peemedebistas teve início às 23h58, quando o deputado Nelson Bornier (RJ), aliado do ex-governador Anthony Garotinho, apresentou lista com as assinaturas de 51 deputados favoráveis a que assumisse o cargo de líder o deputado Waldemir Moka (MS), da ala oposicionista. Os governistas, sob o comando de Hermes Parcianello (PR), já estavam na Secretaria da Mesa, vigiando o que fariam os adversários.

Menos de 20 minutos antes, eles tinham apresentado outra lista, com 46 assinaturas, o que garantia a liderança para o deputado Wilson Santiago (PB).

SEGURANÇA

Acontece que Bornier e Max Rosenmann (PR) levaram à Mesa requerimento de retirada da assinatura de dois aliados do governo.

Neste instante, de acordo com funcionários da Câmara, Parcianello saltou o balcão, desligou o relógio de ponto e jogou o computador do protocolo no chão. Copos voaram. Bornier e Parcianello se atracaram. Rosenmann aproveitou para dar uns empurrões no adversário. Uma funcionária da Câmara se machucou; outros, em pânico, correram. A lista dos aliados de Moka desapareceu. A segurança foi chamada e interveio para acabar com a pancadaria.

"Esse Parcianello é um moleque, sem caráter, malandro", acusou Rosenmann. "Está claro que o governo oferece vantagens para deputados assinarem a lista", disse o parlamentar. "Eles estão fraudando o processo porque na lista deles tem até assinaturas em xerox e outras repetidas. Foi uma das atitudes de maior agressividade que já vi", afirmou Rosenmann. Parcianello foi procurado pelo Estado, mas não se manifestou.

O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), pediu a Aldo que o regimento interno seja modificado e o líder só seja indicado após eleição secreta na bancada.