Título: Alckmin terá QG em Brasília para atenuar imagem paulista
Autor: Ana Paula Scinocca, Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Nacional, p. A10

Essa é uma das medidas que PSDB já colocará em prática para campanha

Na tentativa de descolar Geraldo Alckmin da imagem de político conhecido apenas em São Paulo, o comando de campanha do PSDB já definiu que o quartel-general do tucano será montado em Brasília, vizinho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário nas eleições deste ano, e que já transformou o Palácio do Planalto em sua base na busca pela reeleição.

A decisão é apenas uma das medidas que o PSDB começa a tirar do papel a partir do fim da próxima semana, com Alckmin já fora do governo de São Paulo e em dedicação integral à candidatura presidencial. Além do fato de que todas as principais articulações políticas passam pela capital do País , a ordem é fugir do "paulistês, do paulistério", afirmaram caciques da legenda.

Além do QG em Brasília, no confronto aberto com Lula outros comitês serão montados pelo País, tendo como base as campanhas aos governos estaduais. A estratégia de sediar o escritório principal da campanha presidencial em Brasília não é inédita no PSDB. Em 1994, na primeira disputa presidencial de Fernando Henrique Cardoso, também foi assim. E deu certo.

Outra semelhança com a primeira campanha presidencial de Fernando Henrique poderá ser a escolha do senador Marco Maciel (PFL-PE) como candidato a vice. Durante os dois mandatos de Fernando Henrique, Maciel ocupou a Vice-Presidência. "Seria um ótimo nome", admite um interlocutor de Alckmin, observando, porém, que a escolha será do PFL. Outros cotados para vice na chapa são o governador da Bahia, Paulo Souto, e os senadores José Agripino Maia (RN) e Jorge Bornhausen (SC).

Entre as outras definições que o PSDB já tomou para a campanha de Alckmin, está também a de romper com o modelo tradicionalmente adotado pelo partido na elaboração de seus programas de governo. O projeto, batizado de Termo de Compromisso Nacional, já está sendo esboçado em todos os Estados, sob a coordenação do Instituto Teotônio Vilela - órgão de estudos e formação política ligado à legenda - e terá como foco o crescimento econômico com desenvolvimento social.

"O Brasil passará por um novo descobrimento, de geração de trabalho e renda", assegurou ao Estado um dos principais coordenadores da campanha de Alckmin à Presidência, João Carlos de Souza Meirelles.

Líderes políticos e representantes de vários setores, em todos os Estados, já estão sendo chamados a contribuir com o projeto. Nos meses de abril e maio, o comando de campanha tucano vai compilar essas consultas. Depois dessa etapa, os termos de referência desse compromisso nacional passarão pelo crivo de especialistas de diversas áreas para compor um leque de alternativas que possa ser conciliado com os outros partidos aliados.

COMPROMISSO

De acordo com Meirelles, o programa de governo "não será apenas um ideário a ser lido", mas um verdadeiro termo de compromisso com o desenvolvimento econômico e social do País. "Todos estarão comprometidos com as propostas construídas no Brasil inteiro." Ele acredita que, assim, será possível construir a base de apoio parlamentar para que os programas sejam viabilizados e tenham o apoio dos aliados.