Título: Delegado pede mais 30 dias para inquérito
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Nacional, p. A6

A Polícia Federal quer esticar por mais 30 dias a investigação sobre o escândalo que derrubou o mais influente ministro do governo Lula para rastrear a origem dos valores depositados na conta bancária do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, acusador de Antonio Palocci. Ao entregar hoje o inquérito à Justiça, com o pedido de prazo, o delegado Rodrigo Gomes admite que não existem indícios de que Nildo teria incorrido em crime de lavagem de dinheiro - por isso, o caseiro não consta como indiciado nos autos -, mas faz uma consulta sobre a possibilidade de identificar a fonte dos recursos depositados na conta do homem que afirma ter visto Palocci na mansão do Lago Sul, em Brasília.

Para tocar essa parte da investigação, a PF pede respaldo judicial. No relatório à juíza Maria de Fátima Pessoa, da 10ª Vara Federal, o delegado indaga se existe ou não "interesse público" acerca da procedência do dinheiro do caseiro. A juíza já deu sinais de que quer essa apuração - ela autorizou o acesso aos dados bancários de Nildo.

O caseiro contou que seu pai, Eurípides Costa, um empresário de ônibus no Piauí, depositou o dinheiro em sua conta para que ele não fosse à Justiça com ação de paternidade. Eurípides disse ao Ministério Público Federal ter dado R$ 24, 9 mil ao caseiro para que ele não lhe causasse "problemas de ordem familiar".

O jardineiro Leonardo Moura confirmou à PF a versão do caseiro. Ele trabalha na casa da jornalista Helena Chagas. Segundo Moura, em janeiro o caseiro voltou de férias no Piauí e disse que seu pai lhe havia dado "um bom dinheiro". Nildo pretendia comprar um terreno em Itapuã, perto de Brasília. Moura disse à PF que, em março, viu uma foto do caseiro nos jornais e comentou com Helena que Nildo estava "ficando famoso".