Título: Okamotto: sigilo na mira de novo
Autor: Rosa Costa e Ariosto Teixeira
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Nacional, p. A7

Para evitar novo fracasso na tentativa de quebrar o sigilo bancário do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-tesoureiro do PT, a CPI dos Bingos dá retoques finais num novo requerimento capaz de convencer o Supremo Tribunal Federal (STF) a levantar a barreira jurídica que protege os dados bancários. A intenção é ajustar o requerimento às exigências do ministro do STF, Cezar Peluso, que proibiu o acesso da CPI às informações.

Apelidado de "doador universal", Okamotto quitou empréstimo de R$ 29,4 mil do presidente com o PT e teria pago dívida de R$ 26 mil da filha de Lula, Lurian Cordeiro Lula da Silva. Ontem, o prefeito do Rio, César Maia (PFL), divulgou em seu boletim eletrônico números de supostas contas ligadas a Okamotto (no Banespa, BESC e Banco do Brasil) que teriam irrigado as contas de familiares de Lula.

O prefeito diz que a fonte da informação é um jornalista que inadvertidamente gravou conversas de Okamotto. "Um repórter distraído deixou seu gravador ligado e, quando abriu, era o laranja Okamotto falando para um camarada os números das contas que teria usado para dar presentes à família de Lula", diz a nota de Maia. De acordo com o prefeito, a menção a "presentes" teria sido feita pelo próprio presidente do Sebrae.

Okamotto deixou ontem patente o temor do que podem revelar seus dados bancários. Encaminhou à CPI ofício assinado pelo advogado Luis Justiniano Fernandes. O texto afirma que os dados que estiverem em poder da comissão "devem permanecer lacrados e sob custódia até ulterior decisão do Supremo Tribunal Federal". Segundo Fernandes, "isso implica dizer que, sob pena de desobediência, mesmo que novo requerimento venha a ser aprovado, a comissão não poderá promover a violação do lacre imposto por ordem judicial expressa".

O sigilo de Okamotto foi quebrado pela CPI, que o mantém lacrado por força de liminar do STF. Nos bastidores do Senado, desconfia-se que a comissão já sabe o que encontrará nos papéis.