Título: Deputada é incansável defensora dos acusados no Conselho de Ética
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2006, Nacional, p. A8

A deputada Ângela Guadagnin tem por costume tentar livrar no Conselho de Ética os colegas de partido acusados de envolvimento no mensalão. Todos. Invariavelmente ela pede vistas dos processos que pedem a cassação de petistas.

No caso de João Magno, absolvido ontem, Ângela disse que tentou estabelecer uma pena alternativa para ele, mas os deputados preferiram a cassação.

A petista foi importante parceira do ex-deputado José Dirceu (PT-SP) na luta que ele travou para manter o mandato. No conselho, ela elaborou e leu um duro voto contrário ao relatório de Júlio Delgado (PSB-MG). Disse que Delgado "omitiu informações importantíssimas, tomou como verdade acusações irresponsáveis" e cobrou provas que mostrassem quebra de decoro. Ângela tachou de "risível" trecho do parecer do relator e de "escárnio" outra parte.

Na quarta-feira ela promete submeter os deputados a um grande sacrifício: vai gastar quatro horas da sessão para ler seu relatório alternativo que propõe a absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP). O relator oficial, Cezar Schirmer (PMDB-RS), propõe a cassação do ex-presidente da Câmara.

A solidariedade aos acusados vem de alguém que já esteve em situação semelhante. Ângela foi prefeita de São José dos Campos de 1993 a 1996, período em que o PT inaugurou os contratos na área da exploração de lixo. Esses contratos foram logo denunciados como fonte de corrupção por Paulo de Tarso Venceslau, ex-guerrilheiro da Aliança Libertadora Nacional (ALN), que acabou expulso do PT por ter sido considerado "traidor".