Título: Rainha defende engajamento de sem-terra na campanha de Lula
Autor: Lígia Formenti e Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Nacional, p. A12

O líder sem-terra José Rainha Júnior acha que o MST deve entrar na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. O apoio, segundo ele, implica ir às ruas e combater a oposição, que ameaça com o "retrocesso" da volta ao poder. "O movimento tem de fazer luta, porque a luta não atrapalha o presidente. O lugar da luta é a praça, a rua, o lugar onde o povo se encontra. A mudança vem de baixo para cima, com a luta diária", disse. Luta, para ele, são ocupações, marchas e protestos.

"Acho que o MST deve apoiar o governo democrático de Lula e fazer oposição à direita, que é o Geraldo Alckmin, ligado ao PFL e ao PMDB", disse Rainha, que na segunda-feira comandou invasões de fazendas no Pontal do Paranapanema. Ele foi proibido pelas lideranças nacionais do MST de falar em nome do movimento e se manifestou como "militante".

Ele se diz "em campanha" pela reeleição de Lula, embora não seja filiado ao PT como outros dirigentes do movimento. "Só para citar alguns, o João Pedro Stédile e o João Paulo Rodrigues são filiados ao PT, e o Jaime Amorim foi candidato do partido a deputado estadual em Santa Catarina." Segundo ele, a crise do PT, envolvido em denúncias de corrupção, criou divergências dentro do MST.

Muitos líderes se afastaram do partido. "Eu tenho a minha opinião. Vou estar com o PT e votar no Lula. Devo lealdade ao presidente, ao José Dirceu e ao José Genoino porque tiveram a coragem de estar comigo nos piores momentos." O líder sem-terra, que se diz perseguido pela Justiça, respondeu e ainda responde a mais de 40 processos e foi preso 4 vezes. Está em liberdade provisória de uma condenação a 10 anos de prisão, graças a uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ).