Título: PM pode ter forjado denúncias, diz d. Tomás
Autor: Lígia Formenti e Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Nacional, p. A12

O conselheiro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) d. Tomás Balduíno defendeu ontem o Movimento dos Sem Terra (MST), reconhecendo, no entanto, que integrantes da organização podem cometer atos condenáveis. "Eu acho que o MST não é nada santo. Não é um movimento que a gente possa canonizar, mas é a grande força patriótica desse País", declarou o bispo.

O comentário referia-se às denúncias de que estariam sendo praticadas, no Rio Grande do Sul, ações ilegais em acampamentos, como compras de armamentos e estupros. Dom Tomás acredita, no entanto, que agentes do serviço reservado da Polícia Militar (PM) possam estar na origem das denúncias contra o MST. Ele lançou ontem a edição de 2005 da publicação Conflitos no Campo - Brasil.

O trabalho mostra que, no primeiro trimestre de 2006, houve aumento no número de ocupações. De janeiro a março de 2005 foram 100 invasões; em 2006 foram 102. O número de assassinatos caiu. No mesmo período de 2005 foram registradas 13 mortes e, este ano, 3 mortes. Em 263 páginas, o livro traz um panorama das ocupações, ressaltando que o número de mortes em conflitos de terra cresceu 106% de 2004 para 2005 (de 31 para 64 pessoas).

No trabalho são consideradas mortes no campo os assassinatos e falecimentos por desnutrição e outras doenças tendo como pano de fundo as disputas por terra.