Título: Bush admite ação nuclear contra Irã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Internacional, p. A13

O presidente George W. Bush reiterou ontem que todas as opções estão na mesa para demover o Irã de enriquecer urânio. Quando um jornalista lhe perguntou se essas opções incluem o planejamento de um ataque nuclear, ele não descartou tal possibilidade, reiterando: "Todas as opções estão sobre a mesa." A declaração coincidiu com uma reunião de consultas em Moscou entre cinco países do Conselho de Segurança da ONU - EUA, China, França, Grã-Bretanha e Rússia. Esse encontro terminou sem consenso sobre a estratégia a ser adotada pelo Conselho.

Os EUA pedem sanções, mas China e Rússia - importantes parceiros comerciais do Irã - hesitam. A advertência de Bush coincidiu também com uma nova e indignada reação do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad. "Vamos cortar as mãos de quem pensar em agredir a República Islâmica", disse durante as celebrações do Dia do Exército a propósito das ameaças americanas.

Embora acenando mais uma vez com o recurso à força, Bush ressaltou que os EUA desejam uma saída diplomática para a questão iraniana. Mas intensificou sua campanha para punir o regime iraniano com sanções econômica e diplomáticas.

Sobre o encontro de ontem em Moscou, um porta-voz da chancelaria iraniana, Hamid Asefi, deixou claro que os resultados dele não teriam importância para seu governo: "São mais importantes para os países do Conselho do que para o Irã. Se não atuarem de forma equilibrada, sairão prejudicados."

Segundo um diplomata russo citado pela agência Interfax, não houve nenhum avanço na reunião de três horas a portas fechadas. "O objetivo era consolidar uma posição comum que seria adotada na reunião do Conselho de Segurança, marcada para o dia 28", acrescentou ele.

No fim do encontro, o secretário-adjunto de Estado dos EUA, Nicholas Burns, cancelou uma entrevista coletiva que daria aos correspondentes internacionais. Os líderes iranianos insistem que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos, mas não conseguem convencer os EUA e os países europeus. O estopim da atual crise foi em 2003, quando uma parte secreta do programa nuclear iraniano foi descoberta.