Título: Beira-Mar vai ficar 3 meses em Brasília
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Metrópole, p. C4

Transferido de Maceió, ele irá para o primeiro presídio federal do País

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, chegou no início da tarde de ontem a Brasília, depois de ter ficado três meses detido em Maceió. Ele deverá ficar na carceragem da Polícia Federal da cidade por pouco tempo, até a entrega de um dos cinco presídios federais hoje em construção. "Beira-Mar só sairá daqui para um dos novos presídios federais, ou em Catanduva (PR) ou em Campo Grande (MS)", afirmou o superintendente da PF em Brasília, Daniel Sampaio. Essa é a terceira vez que o traficante fica na carceragem da polícia em Brasília.

Beira-Mar saiu da Superintendência da PF em Maceió às 7h20 e chegou à capital federal às 14 horas. Foi transportado em um avião Caravan da PF e desembarcou em um hangar da própria polícia. De lá, seguiu num comboio de cinco carros, escoltado por 16 agentes de Brasília e 7 vindos de Maceió.

A segurança na unidade será reforçada durante a estada de Beira-Mar. O traficante dividirá uma das sete celas da carceragem com outros detentos - ao todo, há 36 presos no local.

Desde que saiu do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes (SP), em julho de 2005, Beira-Mar já passou por Santa Catarina e Maceió. Segundo Sampaio, é uma norma de segurança da PF evitar que o traficante fique mais do que três meses no mesmo local. Agentes comentaram que a transferência pode ter sido autorizada pela Justiça Federal ou ter partido diretamente da direção-geral da PF, por questão de rotina de segurança.

No fim do ano passado, o governo de Alagoas chegou a pedir a saída do traficante do Estado. Em Maceió, circulou ontem a versão de que Beira-Mar foi transferido por ter ameaçado incendiar o carro de um policial federal, que, no fim de semana, interceptou uma cesta de alimentos levada para a cela do traficante.

Há uma sindicância aberta pela Corregedoria da PF em Maceió apurando o envolvimento de agentes em supostas mordomias concedidas a Beira-Mar. Entre as denúncias estão a de que o criminoso recebeu ceia de Natal, teve acesso a visitas fora do horário determinado - entre elas, as de garotas de programa - e à cesta de produtos, que seriam distribuídos entre os presos.

Na quinta-feira, o secretário paulista de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, revelou que o Estado só recebeu Beira-Mar em 2003 porque a polícia tinha descoberto um plano do traficante de explodir três hotéis da zona sul do Rio.

SEGREDO

Antes de sair de Maceió, o local para onde o preso seria levado era secreto. Só quando o traficante desembarcava em Brasília foi confirmado o seu retorno à cidade.

Quanto ao futuro de Beira-Mar, o presídio federal de Catanduvas é o que está com as obras mais adiantadas. Prevista para janeiro, a conclusão do prédio agora está programada para o fim do mês. Mas a inauguração depende da compra de mobiliário e do treinamento de agentes.