Título: Fed pode ter exagerado, admitem diretores
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Economia & Negócios, p. B1

A maioria dos participantes da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em 27 e 28 de março, acreditava que o fim do ciclo de apertos monetários iniciado em meados de 2004 estava "provavelmente próximo do fim" e alguns deles mostraram-se preocupados com a possibilidade de o Fed ter exagerado nas altas dos juros básicos. Essas informações estão na ata da reunião, divulgada ontem.

O Fomc discutiu, entre outros temas, o que os participantes qualificaram como um núcleo da inflação bem comportado, um mercado de imóveis residenciais em processo de desaceleração e a possibilidade de que as elevações das taxas de juro pudesse ter um efeito retardado sobre a economia. "A maioria dos membros pensava que o fim do processo de apertos provavelmente estava próximo e alguns exprimiram preocupações com o perigo de elevar demasiadamente as taxas de juro, tendo em vista o atraso nos efeitos da política monetária", disse a ata. Na ocasião, os juros subiram 0,25 ponto porcentual pela 15ª vez seguida, para 4,75%.

A reunião foi a primeira presidida por Ben Bernanke. A linguagem do comunicado divulgado ao fim da reunião sugeria poucas mudanças de direção depois do fim do mandato de Alan Greenspan.

A ata mostrou também que alguns membros do Fomc estavam preocupados com a possibilidade de o comunicado ser mal interpretado. Nele, havia declarações quanto à perspectiva das decisões futuras do Fed que já constavam do comunicado da reunião de 31 de janeiro, a última sob o comando de Greenspan. "Alguns manifestaram a preocupação de que a manutenção da frase 'algum aperto adicional da política poderá ser necessário para manter os riscos aproximadamente equilibrados' pudesse ser mal interpretada como uma sugestão de que o Comitê pensava que vários apertos adicionais provavelmente seriam necessários."

Alguns participantes também mostraram preocupação de que os mercados pudessem não determinar completamente o quanto as próximas decisões sobre os juros vão depender dos indicadores.