Título: Aperto monetário dos EUA pode estar no fim e mercado fica eufórico
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Economia & Negócios, p. B1

A divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e de indicadores econômicos dos Estados Unidos trouxe otimismo para o mercado financeiro mundial. As bolsas subiram, as moedas fecharam com valorização em relação ao dólar e os riscos caíram. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) bateu novo recorde ao atingir 39.572 pontos, com alta de 2,89% no dia. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 1,76%, para 11.268 pontos, e a Nasdaq, 1,95%, para 2.356 pontos - melhores resultados no período de cerca de um ano. Bolsas de países emergentes também tiveram boa valorização, como a Turquia (2,40%) e o México (1%).

O economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia, explica que essa euforia decorreu especialmente da sinalização dada pelo Fed de que o ciclo de aperto monetário nos EUA está próximo do fim. "A perspectiva de que a alta dos juros pode parar assim que a taxa atingir 5% ao ano aumentou com divulgação da ata. Como hoje o juro americano está em 4,75%, haveria apenas mais uma alta. Mas essa percepção pode mudar conforme o resultado de outros indicadores."

Segundo a ata do Fed, a maioria dos participantes da reunião via o fim do ciclo de aperto monetário como "provavelmente próximo" e alguns deles mostraram preocupação com a possibilidade de um exagero na série de elevações. Uma boa notícia não só para a economia americana como para os países emergentes. Para alguns analistas, a continuidade da alta dos juros americanos poderia significar a redução do fluxo de dinheiro para países emergentes.

Além da ata do Fed, outros indicadores americanos contribuíram para o bom humor dos investidores, afirmou o economista Flávio Serrano, da Corretora Ágora Sênior. Segundo ele, o dia começou meio tenso por causa dos dados que seriam divulgados nos Estados Unidos. O clima mudou, no entanto, após a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI) referente a março, que ficou em 0,5% ante previsão de 0,4%.

Indicadores do mercado imobiliário também mostraram menor ímpeto da economia. A combinação desses indicadores fez os mercados respirarem mais aliviados. Se em março os integrantes da reunião do Fed já consideravam que o fim do aperto monetário estava próximo, agora com o PPI abaixo da expectativa devem reforçar suas convicções.

Com tudo isso, o risco país despencou. No fim do dia, estava em 230 pontos, com recuo de 4,56%. O dólar também fechou em queda: caiu 0,89%, cotado em R$ 2,117. O mercado de dívida ganhou impulso com as notícias americanas. O Global 40 fechou em forte alta de 1,14% em 128,50% do valor de face. O A-Bond acompanhou o movimento de valorização e avançou 1,21% para 108,5% do valor de face.