Título: Para analistas, espaço para corte da Selic está menor
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Economia & Negócios, p. B1

O espaço para um corte mais agressivo da taxa Selic, como esperam muitos empresários e economistas, está cada vez menor. "Isso porque o juro brasileiro está próximo da taxa de equilíbrio", diz a economista do Banco Fibra Maristella Ansanelli. Segundo ela, quando a taxa estava em 19,50% ao ano, era mais fácil reduzir um ponto porcentual do que hoje, com o juro na casa de 16,50% ao ano.

A expectativa dela é que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte mais uma vez por uma queda de 0,75 ponto porcentual na reunião que começou ontem e termina hoje. De acordo com as previsões da economista, o Banco Central deve manter a mesma atitude gradualista das últimas reuniões. Além da redução de hoje, o Copom deve fazer mais um corte de 0,75 ponto em maio, de 0,50 ponto em julho, de 0,25 ponto em agosto e de 0,25 ponto em outubro. Com isso, a taxa terminaria 2006 em 14% ao ano.

O economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia, também aposta numa taxa entre 13,50% e 14% ao ano em dezembro. Mas segundo ele, que também prevê corte de 0,75 ponto porcentual hoje, os participantes do Copom devem monitorar de forma cuidadosa a evolução do preço do petróleo no mercado internacional e a parte fiscal do Brasil. "Eles vão começar a avaliar de que forma o aumento dos gastos públicos pode impactar a demanda."

Na avaliação do economista Marcelo Allain, professor do MBA da Fipe/USP, há espaço para um corte mais expressivo. Mas isso significaria fazer uma opção: cortar mais no primeiro semestre e segurar no segundo semestre. Ou seja, quanto mais o BC cortar agora, menos cortará nos últimos seis meses do ano.

Se o cenário continuar positivo, o certo é que a Selic deve ficar na casa de 14% ao ano ao final de 2006. Motivos não faltam para o recuo do juro. A inflação está controlada, há sinalização de fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e a atividade econômica precisa ganhar fôlego para recuperar a desaceleração do ano passado.