Título: Investimento cresce este ano, prevê CNI
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Economia & Negócios, p. B6

Mas é preciso reduzir gastos e carga tributária, diz Castelo Branco

Apesar das dificuldades, neste ano os investimentos deverão ser maiores do que em 2005. Essa é a avaliação do gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Segundo ele, as boas perspectivas são provocadas por um conjunto de fatores: crescimento maior da economia, continuação do processo de queda na taxa dos juros e as medidas já anunciadas de corte nos impostos sobre máquinas e equipamentos.

"Mas, de fato, existem limitações macroeconômicas a que os investimentos continuem crescendo", disse ele, referindo-se ao constante aumento da carga tributária e dos gastos do governo. "É importante atacá-los para que os investimentos possam crescer ainda mais."

O economista Fernando Montero, da corretora Convenção, também acha que haverá um pouco mais de investimento este ano. Na sua avaliação, isso deverá ocorrer porque o setor externo está perdendo fôlego. O câmbio desfavorável fará com que as exportações cresçam em ritmo menor do que nos anos anteriores. Isso levará uma parcela maior da produção a ser absorvida pelo mercado interno.

TJLP

Castelo Branco acredita que o custo dos investimentos vai cair este ano. Ele disse ter certeza de que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) será reduzida na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 30. A TJLP corrige os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a produção.

Segundo o economista da CNI, a TJLP cairá porque as projeções de inflação e o risco país estão abaixo do nível em que estavam em dezembro de 2004, quando foi cortada de 9,75% para 9%. Inflação e risco país são os principais componentes da TJLP. Por isso, avalia ele, não há razão para não cortar a taxa. Na quarta-feira, o presidente do BNDES, Guido Mantega, defendeu a continuidade da trajetória de queda da taxa, em direção a 7% anuais.

As medidas de desoneração tributária também deverão mostrar mais seus efeitos este ano. Segundo Castelo Branco, elas foram anunciadas entre o fim de 2004 e durante 2005, períodos de retração econômica. Por isso, seus efeitos foram pouco notados até agora.