Título: Em São José, ela enfrentou três pedidos de cassação
Autor: Simone Menocchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Nacional, p. A16

Eleita prefeita de São José dos Campos em 1993, a deputada federal Ângela Guadagnin (PT-SP), que também é pediatra, administrou a cidade, de cerca de 500 mil habitantes, até 1996. Foi eleita com grande parte dos votos dos católicos.

Depois perdeu as eleições duas vezes para o atual secretário estadual de Habitação de São Paulo, Emanuel Fernandes (PSDB). Foi alvo de três pedidos de cassação que não se concretizaram. Um deles chegou ao plenário da Câmara, mas acabou rejeitado. Entre os motivos, irregularidades apontadas pelos partidos de oposição e pelo próprio Ministério Público. Uma das acusações estava relacionada à empresa CPEM (Consultoria Para Empresas e Municípios), contratada sem licitação para incrementar a arrecadação de ICMS, que acabou cobrando cerca de R$15 milhões pelos serviços.

Fraudes foram descobertas pelo economista e então secretário municipal de Finanças, Paulo de Tarso Venceslau, que acabou demitido em seguida. O Ministério Público entrou na briga questionando por que a empresa tinha sido contratada sem licitação. Neste ano, a Justiça acabou validando o contrato da CPEM com a prefeitura de São José, que agora deve cerca de R$10 milhões à empresa.

Outra mácula da gestão de Ângela na prefeitura de São José dos Campos foi a contratação da empresa de comunicação Contexto por cerca de R$10 milhões. A Contexto fazia o material institucional da prefeitura. Um deles, conhecido como as novelinhas, era produzido pela TVT (Rede de Comunicação dos Trabalhadores), cujo diretor de rádio era, na época, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT. De acordo com a prefeitura, além dos programas de TV e rádio, não há nenhuma documentação que comprove o serviço prestado pela Contexto.

A desapropriação da área onde hoje é o Parque da Cidade - que custou aos cofres públicos quase R$30 milhões - também foi alvo de denúncias ao Ministério Público e de processos de cassação. Para a assessoria de Ângela, "tudo por perseguição política de opositores".