Título: Ângela diz que dança da pizza não foi deboche, e se desculpa
Autor: Simone Menocchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Nacional, p. A16

Deputada nega que tenha dançado e sustenta que só manifestou alegria

Considerada a defensora mais feroz dos petistas denunciados no esquema de mensalão, a deputada Ângela Guadagnin se arrependeu de ter dançado no plenário da Câmara, logo depois da absolvição do deputado João Magno (PT-MG) em processo de cassação. "Não faria de novo, com certeza", disse ontem, em São José dos Campos, cidade de que foi prefeita. "Estava apenas comemorando o fato de que seria a primeira a dar um abraço" no deputado absolvido, justificou-se. "Na verdade, eu não saí dançando. O que houve foi uma manifestação de alegria porque meu amigo não tinha sido cassado."

Ângela também pediu desculpas às pessoas que encararam a dança como um ato de escárnio às denúncias contra o partido e os políticos envolvidos. "Que me perdoe quem encarou como deboche. Foi um ato humano, diante da situação de um amigo. Eu sou humana, agi espontaneamente, com o coração", argumentou. "Em nenhum momento quis gozar ou tripudiar."

O líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM), qualificou de "completa falta de decoro" a dança da pizza de Ângela Guadagnin. "É o símbolo do País, hoje: enquanto a deputada samba, a ética dança; enquanto ela saracoteia, o País balança". O senador disse que nunca vai se esquecer da imagem de Ângela "saracoteando" após a absolvição do amigo.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), vê impliações mais profundas na dança da pizza. "A dança da deputada é parte de um processo de degradação", disse. "Ela é apenas a coitada. É a parte de um sistema de perda de valores e respeito à ética e às instituições que tem à frente o presidente Lula."

O deputado Alberto Fraga (PFL-DF) ocupou ontem a tribuna da Câmara para protestar contra a atitude de Ângela. "Ela até nos inspira credibilidade, aí é que está o problema. Quem dançou não foi ela, foi o Brasil, foi o cidadão que esperava que esta Casa tivesse a postura coerente que não teve", disse Fraga. "Não me passava pela cabeça que um parlamentar sério se prestasse a esse papel. Definitivamente o PT precisa repensar sua conduta".