Título: Para Alckmin, 'caseiro é o povo brasileiro'
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Nacional, p. A15

Para governador, é 'grave pôr aparelho do Estado a serviço de pessoas'

O governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, criticou ontem a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo. "O caseiro é o povo brasileiro e não é possível ter uma violação do sigilo", protestou. Para Alckmin, "foi uma coisa impressionante, gravíssima, colocar o aparelho do Estado a serviço de grupos de pessoas. É uma coisa grave que o País não pode mais aceitar". E acrescentou: "Uma injustiça dessas cometida contra um cidadão é uma ameaça ao conjunto da sociedade."

Alckmin esteve no 50.º Congresso Estadual de Municípios, que termina hoje no Guarujá, e foi recebido por prefeitos e vereadores do Estado.

A impunidade de envolvidos no valerioduto também foi duramente criticada pelo candidato tucano. "O Brasil vive hoje um momento muito triste, de grande desencanto em relação à política. E a pior política é a omissão." Na definição do governador, "a impunidade é o crime continuado", e está por trás de "tanto desvio na vida pública".

Prestes a deixar o cargo para disputar a Presidência, Geraldo Alckmin definiu o prefeito José Serra como um "ótimo candidato" à sucessão estadual. Preterido na corrida interna para a disputa contra o presidente Lula, Serra tem sido muito pressionado a assumir a campanha pelo governo paulista.

Alckmin deixou clara a importância que dá à própria sucessão. "É uma eleição casada, do presidente ao deputado estadual", afirmou. "Serra é um dos homens públicos mais qualificados do País e, portanto, tem condições de ser um grande candidato."

O governador estava animado com a promessa de apoio do PFL. Ele acabara de voltar do Rio de Janeiro, onde conversou com o prefeito César Maia (PFL), que desistiu da candidatura presidencial em benefício de um acordo de seu partido com o PSDB.

Geraldo Alckmin considerou a aliança "um passo importante" e prometeu ampliar a coligação em torno de seu nome. O governador, porém, evitou falar sobre o PMDB. "O partido escolheu seu pré-candidato e seria uma deselegância fazermos conjecturas. Vamos aguardar", disse.