Título: Tucanos pedem investigação contra Okamotto
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Nacional, p. A11

Partido quer que Coaf apure depósito de R$ 29,4 mil para pagar empréstimo feito pelo PT ao presidente

O PSDB pediu ontem que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) investigue se o presidente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, cometeu crime de lavagem de dinheiro ao depositar R$ 29,4 mil para o pagamento de empréstimo feito pelo PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre dezembro de 2003 e março de 2004. Foi mais uma resposta da oposição à ação do Coaf, órgão do Ministério da Fazenda, contra o caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo, por suspeita de lavagem de dinheiro.

"Okamotto depositou para o presidente Lula mais do que os R$ 25 mil recebidos pelo caseiro", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), autor do requerimento, ao destacar o valor do dinheiro que Nildo recebeu de seu pai biológico, o qual também confirmou a operação . "O Coaf, que se abriu para fazer a investigação sobre o dinheiro transferido para o caseiro, não vai agora se fechar para fazer essa outra análise."

O pedido para o Coaf investigar a origem do dinheiro que Okamotto transferiu para o PT foi apresentado à Mesa do Senado. Segundo o requerimento, Okamotto teria pago R$ 29,4 mil em quatro parcelas depositadas em quatro agências do Banco do Brasil em São Paulo. O líder tucano lembrou que Okamotto, que já foi tesoureiro de campanha eleitoral de Lula, disse ter pago a dívida que o presidente tinha com o PT, relativa a despesas em viagens internacionais, de seu próprio bolso. Mas a oposição não acredita nessa versão e até hoje não conseguiu na Justiça a quebra do sigilo bancário do presidente do Sebrae, que, por sua vez, está protegido por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

CPI

A oposição tem tentado sem sucesso convocar Okamotto para depor na CPI dos Bingos. O esforço para quebrar seu sigilo bancário, fiscal e telefônico de Okamotto também foi barrado mais de uma vez pelo Supremo.

Entre os argumentos utilizados para investigar o presidente do Sebrae os parlamentares da CPI apontam as declarações do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Em entrevista ao Estado, Jefferson afirmou que, se for quebrado o sigilo de Okamotto, a situação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se complicará. De acordo com ele, o presidente do Sebrae serve de prova contra Lula da mesma forma que o Fiat Elba comprado por PC Farias ligou o ex-presidente Fernando Collor ao esquema de corrupção.