Título: Para oposição, ministro não escapa da degola
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2006, Nacional, p. A6

O discurso do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, rebatendo as denúncias de corrupção, pedindo serenidade no debate político e justificando seu silêncio "para preservar a instituição" não comoveu a oposição. Líderes do PSDB e PFL avaliam que não há discurso que salve o ministro da degola e mais: deixam claro que não aliviarão a pressão para que ele saia do governo e dê explicações sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo.

"Se ele tivesse credibilidade, eu ainda podia acreditar em suas palavras. Mas isso ele já perdeu há muito tempo, uma vez que ficou comprovado que vem mentindo", reagiu o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ao tomar conhecimento da fala de Palocci em São Paulo. "Chega de Palocci e chega de mentira", emendou o líder do PSDB, deputado Jutahy Júnior (BA).

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e o líder do partido no Senado, José Agripino (RN), só concordam com o ministro quando ele diz que a crise política não causa problemas à economia. Bornhausen se disse inconformado com a "truculência institucional patrocinada pelo governo" no caso da violação do sigilo bancário do caseiro.

Bornhausen insistiu ontem na cobrança de esclarecimentos em relação à situação do ministro. Disse que é preciso saber o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará em relação a Palocci e que é necessário esclarecer a abertura ilegal da conta de Nildo. Informado de que Palocci reconheceu seus erros no discurso, comentou: "Agora está se especializando em ser coitadinho e humilde."

"Se Palocci fosse sério, faria um discurso para pedir desculpas à Nação e se mostrar indignado com violação do sigilo bancário do caseiro", cobrou Rodrigo Maia.