Título: Força ao BC faz juro futuro subir
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2006, Economia & Negócios, p. B18

Informação de que Lula ampliou os poderes do presidente do BC no governo tranqüiliza os investidores

O mercado de juros devolveu boa parte do prêmio acrescentado aos contratos desde a mudança na direção da equipe econômica. O motivo foi a percepção de que o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, tem total autonomia e manterá o controle da condução da política monetária. O Ibovespa subiu 2,21%, fechando na pontuação máxima do dia, puxado por Vale e Petrobrás.

"O Meirelles é o fiador do governo, e a sensação é de que ele ganhou uma blindagem da parte do presidente Lula para impedir interferências políticas", comentou um operador. A informação de que Meirelles responderá diretamente ao presidente da República, e não ao novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu a impressão de que o BC ganhará mais autonomia. "Por causa disso, as declarações com viés desenvolvimentista de Mantega podem assustar menos", disse outro operador.

A impressão geral é de que Mantega deveria falar o mínimo possível sobre o juro básico, deixando a Selic cair naturalmente, já que as condições são favoráveis para tanto. A aposta de que a taxa poderia cair até um ponto porcentual na próxima reunião do Copom começou a retomar força.

Na BM&F, o contrato de janeiro de 2008 projetou taxa de 14,787% ao ano, e o pregão eletrônico, 14,74% (14,96% na véspera); o de janeiro de 2007, 15,07% no viva-voz e 15,02% no eletrônico (contra 15,12%); e o de janeiro de 2009, 14,74% e 14,73% (ante 14,90%).

Na Bovespa, o movimento financeiro ficou em R$ 2,171 bilhões. O avanço das Bolsas americanas também ajudou a melhorar o clima no mercado acionário. Os papéis da Vale e da Petrobrás reagiram às recentes altas do dólar. Como essas empresas estão entre as preferidas dos investidores estrangeiros e também têm seus negócios atrelados ao câmbio, o mercado decidiu refazer as contas e recompor posições nelas.