Título: Brasil quer BID usando reais
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2006, Economia & Negócios, p. B9

Captações seriam repassadas a empresas locais

O Brasil quer que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) adote o real nas suas operações, captando na moeda nacional nos mercados internacionais e fornecendo o financiamento para uma linha de crédito aos municípios brasileiros em reais. O objetivo das captações com bônus na moeda brasileira seria o de repassar ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na linha voltada a pequenas e médias empresas.

"O BID, que é 'triple A' (classificação máxima das agências de risco), pode captar no mercado internacional em reais", disse José Carlos Miranda, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, em Belo Horizonte, durante o programa de seminários que antecede a reunião anual do BID de 3 a 5 de abril.

Em entrevista coletiva, o presidente do BID, Luiz Alberto Moreno, confirmou a possibilidade das operações em reais. Ele observou que o comércio brasileiro está crescendo, e no futuro outros países que negociam com o Brasil podem se interessar por operações em reais. A economia brasileira mostrou-se um exemplo para outros mercados emergentes", disse Moreno, prevendo que o Brasil possa obter grau de investimento (classificação de risco a partir da qual os investimentos já não são considerados especulativos) das agências internacionais em um ano a um ano e meio.

De acordo com o representante do Bid no Brasil, Waldemar Wirsig, ainda não há definição sobre o volume de títulos a serem emitidos, nem os termos de sua oferta.

A viabilidade dessas operações irá depender da aceitação dos papéis pelo mercado, e se será possível a oferta em condições atraentes para os investidores e que proporcionem uma redução efetiva de custos para os tomadores finais no Brasil.

As captações do BID em reais transfeririam o risco cambial do BNDES para a instituição multilateral, e é com base nisto que se estudam fórmulas que pudessem baratear o custo do tomador final. Hoje, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social já conta com uma linha de US$ 3 bilhões do BID para pequenas e médias empresas.