Título: Queda de juro será mais lenta, prevê Williamson
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2006, Economia & Negócios, p. B6

Para economista, Mantega não vai mudar política

John Williamson, economista-sênior do Instituto de Economia Internacional (IIE) e criador do Consenso de Washington, disse que o Banco Central (BC) teria condições de reduzir mais rapidamente a taxa básica de juros, mas não acredita que isso vá acontecer. "A mudança de ministro (da Fazenda) vai tornar isso mais difícil", justificou. Segundo ele, uma vez que Henrique Meirelles permanecerá no comando do Banco Central, o gradualismo será mantido. Williamson está em Belo Horizonte para participar de um seminário promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Williamson acredita ainda que Guido Mantega manterá mesmo a política de Antonio Palocci, como prometido. "Lula não vai arriscar uma grande mudança no curto prazo. Foram feitos muitos investimentos para conquistar credibilidade e o novo ministro tem de seguir essa herança", disse ele. "O perigo é mais ao longo prazo. Mantega está dizendo que não vai liberalizar mais o comércio, que não quer o mesmo programa de Palocci para melhorar a dívida de longo prazo. Na minha opinião, o perigo é mais este do que qualquer reação a curto prazo."

Para o economista, embora o Brasil esteja agora mais preparado para enfrentar as turbulências externas ainda existem vários problemas a serem resolvidos. "A questão da dívida pública ainda é bastante grave", disse ele. De qualquer modo, tanto o Brasil como demais emergentes não deverão sofrer grande impacto no curto prazo das altas de juros globais e à redução de liquidez internacional.

Williamson alertou ainda para a necessidade de os Estados Unidos adotarem um pacote de medidas para reduzir os déficits em conta corrente e de orçamento - "Uma coisa mais séria do que as tentativas feitas até agora" - e também vários ajustes nas taxas de câmbio no leste da Ásia. "Não somente na China, mas a China é o mais importante e, lá, a taxa de câmbio não é flutuante." Essas medidas, segundo ele, são fundamentais para se evitar uma recessão mundial em 2007 ou em 2008.