Título: Lightpar reduz quadro para quatro pessoas
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

A Lightpar, subsidiária da Eletrobrás que foi acusada de ser um ¿cabide de empregos¿ por Joaquim de Carvalho, um dos seus ex-presidentes, vai anunciar, amanhã, um enxugamento em seu quadro de pessoal que deixará a empresa com apenas quatro profissionais.

Segundo informa a Eletrobrás, na nova estrutura da Lightpar o Conselho de Administração será reduzido de seis para três pessoas e a diretoria, de quatro para dois profissionais. Todos os assessores serão dispensados.

Um dos conselheiros, Marcelo Figueiredo, acumulará também a função de diretor. Os dois outros conselheiros que ficam são Sinval Zaidan, representante do Ministério das Minas e Energia, e Ariel Pares, secretário de Planejamento e Investimento Estratégico do Ministério do Planejamento.

O dia-a-dia da Lightpar será tocado por Marcelo Figueiredo e por Luiz Manuel Claro Soares, especialista em assuntos contábeis. A empresa está esvaziada das suas funções operacionais hoje. Um dos principais trabalhos dos dois executivos será o de administrar os aspectos financeiros e jurídicos de uma dívida de R$ 700 milhões.

HISTÓRICO DA CRISE

A Lightpar foi criada em 1998, com a função de deter 51% da Eletronet, uma companhia que iria explorar o negócio da instalação de cabos de fibra ótica ao longo dos 56 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia em alta tensão no Brasil. A outra sócia da Eletronet, com 49% do capital, era a americana AES. Secundariamente, a Lightpar tinha pequenas participações em outras empresas do sistema Eletrobrás.

Com o estouro da bolha da internet, no ano 2000, o projeto da Eletronet ficou seriamente abalado e a empresa foi à falência em 2003. Hoje, segundo a assessoria de comunicação da Eletrobrás, há uma disputa em torno da dívida, que a estatal não quer assumir sozinha.

A falência, na verdade, foi decretada como continuidade de serviços. Foram instalados 16 mil quilômetros de cabos de fibra ótica. As empresas do setor elétrico que detêm as linhas de transmissão onde aquela rede foi montada usam-na para transmissão de dados e monitoramento das linhas.

DENÚNCIAS

Joaquim de Carvalho, que fez as denúncias de empreguismo na Lightpar em reportagem do jornal Folha de São Paulo em março de 2006, assumiu a presidência no mesmo mês do ano passado, substituindo o ex-deputado petista José Eudes, que envolveu-se em um escândalo sexual e deixou a empresa. Carvalho deixou o posto no fim do ano passado.

Depois das acusações, a Eletrobrás já anunciou a redução do quadro da Lightpar de 28 funcionários para 13 e, agora, para quatro. Segundo informações que saíram na imprensa e foram confirmadas pela assessoria de comunicação da Eletrobrás, os diretores da Lightpar têm salários de R$ 14.350 e os colaboradores da presidência ganhavam R$ 10.600. A reportagem da Folha de São Paulo mencionava benefícios em dinheiro, como auxílio-moradia de R$ 1.800 para três diretores.

De acordo com o presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos, ¿todas as empresas do grupo estarão no lucro no final do ano, inclusive a Eletronorte e a Lightpar, as duas únicas que não deram lucro em 2005.¿ Para ele, o enxugamento da Lightpar ¿é uma demonstração de austeridade e de uma administração de resultados.¿