Título: Bird desconhece corrupção em seus programas no País
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2006, Economia & Negócios, p. B7

O presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, disse ontem que não está a par de problemas de corrupção nas operações da instituição no Brasil e voltou a elogiar o Bolsa Escola. Ele respondia a uma pergunta sobre se a preocupação crescente do Bird com o problema da corrupção (tema dominante da reunião de ontem de seu órgão máximo, o Comitê de Desenvolvimento) levaria o banco a reavaliar suas relações com o Brasil, em vista da recente decisão do Ministério Público de denunciar 40 pessoas envolvidas com o mensalão.

O Bird "trabalha para assegurar que seus programas estejam livres de qualquer influência de corrupção e não estou informado de qualquer problema em nossos projetos no Brasil,até em alguns bem impressionantes, como o Bolsa Família, que ajuda a levar dinheiro para os pobres em troca de que seus filhos ir à escola", respondeu. Ele observou que "é da natureza do programa verificar que os beneficiários estão fazendo sua parte e mandando os filhos à escola, o que é uma salvaguarda".

Segundo ele, "não se pode esperar um padrão de perfeição". E disse que em alguns países a corrupção é grande, "mas isso não quer dizer que o banco não possa operar".

Num sinal de que a ênfase que Wolfowitz ao combate à corrupção preocupa o governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega alertou contra "tomar a falta de governança como sinônimo de corrupção".

Em discurso, ele afirmaou que "a corrupção prejudica o desenvolvimento não só porque desvia recursos mas também porque sinaliza falhas de governança". Mas ressalva que, "enquanto a corrupção deve ser combatida por todos os meios, indicamos que o foco na corrupção estreita excessivamente a discussão sobre a governança: ela negligencia outros aspectos críticos como a má administração devida a mau planejamento, falta de treinamento e ausência de equipamentos e instalações".

DÍVIDAS

O Bird confirmou ontem o perdão da dívida da Bolívia, Honduras, Nicarágua, Guiana e de 13 países africanos. Mas alertou que eles devem evitar dívidas que não sejam pagáveis.

Emergentes querem mais participação no G-8

Brasil, China, Índia e África do Sul querem ampliar sua participação nas consultas anuais do Grupo dos Oito, das potências industrializadas. Esse foi o tema de uma reunião que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve ontem com seus colegas chinês, LI Yong, indiano, A.K. Jha, e sul-africano, Trevor Manuel, antes da reunião do Comitê de Desenvolvimento, órgão político do Bird.

"Somos quatro países emergentes com afinidades e peso crescente no mercado internacional", disse Mantega, após o encontro. Em 2004, o G-8 convidou China, Índia, Brasil e África do Sul a participar das consultas anuais de seus ministros de finanças. A reunião deste ano será em junho, em São Petersburgo, na Rússia. "Queremos tornar a nossa participação mais ativa", explicou Mantega.