Título: Não há base técnica, sustentam acusados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2006, Nacional, p. A6

Documento é 'obra de ficção', diz advogado do ex-ministro Dirceu

Ex-ministros e dirigentes petistas reagiram indignados aos pedidos de indiciamento apresentados pelo relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Não há base técnica e jurídica, argumentaram.

O chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos do governo, Luiz Gushiken, classificou o relatório como "julgamento inteiramente injusto, despropositado e sem fundamentação".

"Lamento que o relator tenha capitulado à lógica do espetáculo, sem olhar para os fatos, o que compromete o esforço da CPI de aperfeiçoamento das estruturas políticas e da vida pública", disse Gushiken na nota.

O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luiz de Oliveira Lima, chamou o relatório de "peça de ficção". "Não posso comentar ponto a ponto porque ainda não tive acesso. Mas conheço os fatos e o processo e não tenho dúvida de que é fruto da mente criativa do relator", declarou. Dirceu foi acusado de corrupção ativa.

"O relator exagerou", reagiu Luiz Fernando Pacheco, advogado do ex-presidente do PT José Genoino. "O indiciamento não tem base técnica", declarou. Genoino foi acusado por crimes eleitorais, de falsidade ideológica e corrupção ativa. Ele está na Espanha para o casamento da filha.

Arnaldo Malheiros Filho, advogado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-secretário-geral Silvio Pereira, disse que eles não se pronunciariam. Delúbio foi acusado de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crime eleitoral, corrupção ativa e peculato. Pereira, por tráfico de influência.

O advogado Tales Castelo Branco, que representa o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, disse que eles estão "absolutamente tranqüilos", pois consideram o relatório apenas uma recomendação. "Eles vão aguardar a oportunidade de apresentar a defesa no STF e provar a inocência", disse Castelo Branco.

A assessoria do grupo Pão de Açúcar, onde o ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb é diretor-presidente, não respondeu às ligações.