Título: Fundos apontam 'erros graves' em contas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2006, Nacional, p. A9

Para dirigentes, apuração a ser feita pelo Ministério Público irá inocentá-los

Presidentes dos maiores fundos de pensão do País, Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobrás), negaram ontem ter promovido operações fraudulentas e repudiaram as conclusões da CPI dos Correios. O documento recomenda o indiciamento de dirigentes de 10 fundos, inclusive do diretor financeiro da Funcef, Demósthenes Marques, e solicita ao Ministério Público que investigue atos praticados pela Previ e pela Petros.

"Só posso entender que há motivação política menor por trás do indiciamento de Demósthenes Marques", afirmou o presidente do Funcef, Guilherme de Lacerda. Marques é citado por causa de aplicações realizadas no Banco Santos. Para Lacerda, as conclusões da CPI são incoerentes. "O sub-relator da CPI para os fundos de pensão, Antonio Carlos Magalhães Neto, fez elogios consistentes à atuação da Funcef."

A instituição ainda divulgou nota apontando "erros técnicos graves" no relatório e se diz "vítima" do relatório, assim como os demais fundos citados.

Ao longo dos trabalhos da CPI, a divulgação de dados incorretos e de interesse político causou sérios prejuízos aos fundos de pensão, afirmaram ontem os presidentes de Previ, Funcef e Petros.

"Todas as operações da Petros com o BMG e o Rural obedeceram critérios técnicos e nos últimos cinco anos nunca perdemos dinheiro", afirmou Wagner Pinheiro, presidente da Petros. Ele também saiu em defesa da contratação da Globalprev - empresa sucessora da Gushiken e Associados, do ex-ministro Luiz Gushiken - para serviços de consultoria e treinamento. A Globalprev, destacou Pinheiro, respondeu apenas por 15% dos contratos firmados com empresas de consultoria. Além do pequeno valor dos serviços, insistiu Pinheiro, o ex-ministro "não é nem nunca foi sócio" da empresa.

De acordo com o presidente da Previ, Sérgio Rosa, a conclusão das investigações, mesmo que pelo Ministério Público, irá comprovar que não houve uso político ou irregular dos fundos de pensão.

Apesar de contestar as conclusões do relatório final, Rosa e Pinheiro prometeram auxiliar nas investigações da procuradoria. "É preciso esclarecer apenas de quem é a competência para fiscalizar os fundos", ressaltou Rosa.

Juntos, Previ, Petros e Funcef respondem por 45% do total administrado pelos fundos de pensão brasileiros, com cerca de R$ 130 bilhões.

Por meio de sua assessoria, o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Fernando Pimentel, sustentou que, quando a apuração estiver a cargo do Ministério Público, os fundos terão direito de defesa. "Só a partir daí se poderá saber se as acusações têm fundamento", afirmou Pimental.