Título: BMG silencia e Rural 'não concorda' com o documento
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2006, Nacional, p. A9

Empresas apontadas como fonte do valerioduto deixam de se pronunciar

Acusado no relatório final da CPI dos Correios de montar uma "farsa" nos empréstimos feitos ao PT, o Banco Rural saiu ontem em defesa das operações. A direção do banco informou que "todos os empréstimos concedidos, seja para o PT ou para as empresas do empresário Marcos Valério, cumpriram as normas do Banco Central". Por meio de nota, a instituição sustantou que os empréstimos "constam da contabilidade do banco e foram informados aos órgãos reguladores".

De acordo com o relatório de Osmar Serraglio (PMDB-PR), o banco usou uma "mera formalidade contábil e financeira" para "mascarar" a origem dos recursos repassados a Valério e ao PT. O Rural informou que "não concorda com a conclusão apontada pelo relatório".

A direção do BMG, também credor do PT e de Marcos Valério, não quis se manifestar. O relator Serraglio pediu o indiciamento do proprietário da instituição, Ricardo Guimarães, por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e fraude na administração de sociedade por ações. Serraglio cita outros dois diretores do BMG por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro: José Otávio de Carvalho Lopes e Janaína Pereira.

FONTES

A Visanet e a Brasil Telecom, citadas por Serraglio como fontes de recursos que abasteciam o valerioduto, não se manifestaram sobre as acusações. Segundo o relatório, por determinação do Banco do Brasil a Visanet repassou R$ 73 milhões à DNA Propaganda, agência de Marcos Valério, em 2003 e 2004. A Brasil Telecom teria remetido R$ 823,5 mil para o valerioduto.

O presidente da Usiminas, Rinaldo Soares, foi procurado no início da noite de ontem, mas não se encontrava na empresa. Sua assessoria estava com os telefones celulares desligados.

O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil e ex-presidente da Previ Henrique Pizzolato foi procurado por intermédio de seu advogado, Mário de Oliveira Filho. O advogado prometeu entrar em contato mais tarde com a reportagem, mas não o fez, e não atendeu mais o telefone celular.

A Petrobrás, em nota, definiu o relatório de Serraglio como "contraditório e inconsistente". No texto, é pedido o indiciamento de diretores da estatal em razão de suposta irregularidade cometida na contratação da GDK Engenharia para obra na plataforma P-34 no valor de R$ 88 milhões. Um carro da marca Land Rover dado como "presente" pelo vice-presidente da GDK, César Roberto Santos Oliveira, ao então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, alimentou a suspeita de que o petista tenha atuado na Petrobrás para favorecer a GDK.

No entendimento dos diretores da Petrobrás, Serraglio não obteve "qualquer prova da existência de um elo entre a Land Rover e o contrato da Petrobrás com a GDK". A conexão, afirmou a empresa, é "fantasiosa". A empresa negou a existência de superfaturamento ou prejuízo no negócio.

Cristiano Paz e Simone Vasconcelos, ex-diretores da SMPB, não foram localizados em seus antigos telefones.