Título: Kirchner pressiona para manter preços da carne
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Economia & Negócios, p. B16

Agora, produtores foram proibidos de vender gado vivo; houve protestos em vários locais

O presidente Néstor Kirchner aumentou a pressão sobre os empresários do setor pecuarista para que reduzam o preço da carne. A nova ofensiva desferida por Kirchner consiste de ampliar a suspensão das exportações do produto, decretada há duas semanas. Desde ontem também estão proibidas as vendas de gado vivo ao exterior. Desta forma, os produtores argentinos somente poderão exportar só 30 mil toneladas para a Europa. Os produtores, furiosos, realizaram protestos em diversas cidades.

Ontem, a ministra da Economia, Felisa Miceli, anunciou um reforço na fiscalização nas exportações acertadas antes da proibição das exportações. O governo Kirchner desconfia que diversos produtores conseguiram que os bancos preparassem cartas de crédito sem datas predeterminadas, para ajudá-los a continuar exportando. "Queremos reduzir os preços para que toda a população possa comer carne a preços acessíveis", disse Felisa.

Segundo ela, com a suspensão das vendas ao exterior, deveriam ser redirecionadas ao mercado interno mais de 500 mil toneladas de carne por ano. Isso equivale a 20% da oferta no mercado argentino no ano passado.

Kirchner iniciou a guerra com os pecuaristas em novembro, quando o setor negou-se categoricamente a reduzir os preços. Kirchner, em revide, aumentou as retenções sobre exportações de 5% para 15%. Os produtores não cederam, transformando-se no único setor empresarial do país a resistir às pressões do presidente.

De lá para cá, Kirchner pediu um boicote nacional à compra de carne e suspendeu as exportações por 180 dias. Com isso, o governo calculou que levaria os produtores a deter a escalada de preços, que desde o início do ano subiram 27%. Mas os preços continuaram subindo. Nos últimos 4 anos o preço da carne aumentou 168%, enquanto a inflação chegou a 75%.

O governo russo está incomodado com a proibição às exportações.

A Rússia era a maior compradora individual de carne argentina, absorvendo 38% do total das vendas ao exterior.