Título: Café ganha verba de R$ 1,578 bi para garantir a safra 2007
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

Em decisão inédita, Conselho libera todos os recursos do Funcafé

Na primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) sob o comando do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, cafeicultores e torrefadores ganharam um presentão do governo. Produtores e indústrias terão R$ 1,578 bilhão para colheita, estocagem e compra de grão verde da safra atual, 2006/07, dinheiro que sairá do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

O Funcafé é gerenciado pelo Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC), ligado ao Ministério da Agricultura, mas as autorizações para financiamentos dependem do CMN. Nos cálculos do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, os recursos serão suficientes para deslocar a oferta de até 8 milhões de sacas de 60 quilos do período da colheita para a entressafra.

De acordo com o ministério, em princípio, com base no cronograma original, os financiamentos para a colheita, estocagem e aquisição de cafés pelas indústrias deverão estar disponíveis a partir de abril. A liberação dos recursos, todavia, depende da aprovação do Orçamento da União para 2006.

A safra nacional está estimada entre 40,43 milhões e 43,58 milhões de sacas, mas, em decorrência da bianualidade inerente às lavouras de café, a previsão é que a colheita da próxima safra seja menor. Diante dessa perspectiva, a intenção do governo é deslocar a comercialização de uma parte significativa da safra de 2006 para o primeiro trimestre de 2008, época em que deverá ocorrer uma menor oferta do produto.

INÉDITA

Essa foi a primeira vez que o CMN votou em uma única reunião a liberação de todos os recursos do Funcafé para uma safra. Anteriormente, a aprovação se dava conforme a necessidade, no decorrer do ciclo de produção e comercialização, causando atrasos e descontinuidade, reclamava o Conselho Nacional do Café (CNC), que reúne os produtores.

Rodrigues explicou que até 3 milhões de sacas poderão ter os seus vencimentos pactuados para o fim de 2007 e início de 2008. Com essa medida, disse o ministro, o governo começa a consolidar uma política anticíclica, contribuindo para melhorar a distribuição da oferta do produto ao longo do tempo, com reflexos positivos sobre a renda do setor.

Do total liberado, até R$ 600 milhões serão destinados ao financiamento da colheita e até R$ 800 milhões, à estocagem. Esses empréstimos terão o juro Funcafé, que é de 9,5% ao ano. Os R$ 178 milhões restantes serão destinados aos torrefadores, para que comprem ao grão verde. Esses empréstimos serão taxados pela taxa básica de juros, a Selic, hoje em 16,5% ao ano.