Título: Setor produtivo acha que TJLP poderia cair mais
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

Mesmo assim, a redução da taxa foi recebida como um sinal positivo por parte do governo

A redução da Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) de 9% para 8,15% foi considerada insuficiente pelo setor produtivo, mas mesmo assim, foi vista como um sinal promissor.

O diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, disse que a redução não foi a ideal, mas "é um bom sinal do Conselho Monetário Nacional, que se mostra sensível com relação à redução do custo de capital como forma de estimular novos investimentos".

Depois de observar que o País precisa crescer ininterruptamente para superar os problemas da má distribuição de renda, Tabacof disse que, quando a TJLP "estiver próxima a 6%, o que representaria um índice real em torno de 2%, poderemos assistir à retomada dos investimentos, o que garantiria ao País um longo período de crescimento sustentado".

Já o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse que a entidade esperava uma queda mais acentuada. Segundo Castelo Branco, a queda dos juros é sempre positiva para a atividade econômica e para o estímulo ao investimento, mas as condições econômicas atuais permitiam uma redução de 1 ponto porcentual.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota à imprensa afirmando que o corte de 0,85 ponto porcentual da TJLP, embora ainda modesta, é positiva e demonstra coerência do ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Afinal, o ministro, quando à frente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi um grande incentivador da produção, do desenvolvimento", afirma o documento.

O corte também ficou aquém das expectativas da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), segundo o presidente da entidade, Paulo Godoy. "Entendemos que a perspectiva de inflação para o ano, hoje abaixo de 4%, e a queda do risco país abriram condições técnicas para uma queda maior da TJLP. No entanto, o mais importante é que continua a trajetória de queda desta taxa, o que pode expandir os investimentos do País em infra-estrutura", afirmou, após participar da cerimônia de posse do novo governador de São Paulo, Cláudio Lembo. Godoy admitiu que os técnicos da Abdib chegaram a esperar por uma redução de 1,5 ponto porcentual para a TJLP.