Título: Novo projeto, bem mais modesto, é só qualificar jovens
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2006, Nacional, p. A4

Depois de diminuir a meta do programa e incluir grandes empresas entre as que poderiam receber a subvenção - tudo para salvar uma das idéias que haviam sido carros-chefe da campanha presidencial do candidato Luiz Inácio Lula da Silva -, o Ministério do Trabalho decidiu, por fim, deixar para trás o projeto original e redirecionar o programa Primeiro Emprego para uma idéia mais modesta e bem específica, a qualificação dos jovens. Essa nova fase começou no final do ano passado, quando os coordenadores passaram a investir em consórcios para qualificação profissional. Em junho próximo vai começar o Juventude Cidadã - uma série de convênios com prefeituras para treinar e colocar jovens no mercado de trabalho.

A meta agora parece ser mais realista: empregar 30% dos jovens treinados. Nos consórcios que estão sendo criados, o ministério faz um convênio com entidades que se encarregarão da tarefa de qualificar os candidatos. Os jovens são treinados e fazem trabalho voluntário na área. Em troca, recebem uma bolsa de R$ 120 do governo federal.

Ao final do treinamento, a entidade se compromete a empregar pelo menos 30% dos jovens. O mesmo esquema será usado com as prefeituras. Até agora, de acordo com dados do ministério, 62 mil jovens foram treinados e 15 mil, empregados.

"Fizemos uma avaliação e percebemos que havia duas travas no programa. A primeira era o conceito. A segunda, a questão burocrática. Uma empresa para receber recursos do governo tem que estar em situação totalmente regular. Muitas das interessadas no programa não estavam", explica Ricardo Cifuentes, diretor de Políticas para a Juventude do Ministério do Trabalho. Ele havia assumido o Primeiro Emprego em 2004.

O QUE PESA

Segundo Cifuentes, "o problema conceitual é que, quando se repassam recursos para uma empresa está se supondo que o problema da contratação é o custo, mas isso não é verdade". "Tem influência, sim, mas não é o primeiro fator. O que pesa muito mais são a escolaridade e qualificação."

Foi daí que surgiu a idéia dos consórcios, que estão sendo criados nas cidades maiores, como São Paulo. Os convênios com prefeituras serão destinados a atender cidades menores.

Resta o problema dos 204 mil jovens ainda à espera na lista de inscritos das vagas da fase anterior. Cifuentes explica que a idéia é redirecioná-los para os consórcios ou convênios com prefeituras. "Depois da qualificação, apareceram algumas empresas mais interessadas na subvenção, com a intenção de contratar jovens treinados", conta ele. "Mas hoje essa é uma coisa marginal."