Título: Ligações revelam o horror do 11/9
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Internacional, p. A28

Chamados para o serviço de emergência mostram a confusão e o desespero das vítimas do ataque terrorista

A cidade de Nova York divulgou ontem gravações de parte das ligações para o 911, telefone de emergências dos EUA, no dia 11 de setembro de 2001. O material ajuda a revelar o medo, o desespero e a incerteza sobre o que estava ocorrendo após os ataques terroristas. As gravações são um trágico e contundente registro do que se passou no interior das torres gêmeas após os atentados.

As vozes das vítimas foram excluídas, e apenas os operadores do serviço podem ser ouvidos. A liberação ocorreu graças a uma ação judicial movida pelo jornal The New York Times em 25 de janeiro de 2002. Nas ligações, pode-se ouvir os operadores pedindo calma e orientando as pessoas a permaneceram onde estavam, ordem padrão em incêndios de grandes proporções.

Não era essa, porém, a recomendação dada pelos bombeiros e policiais que estavam chefiando as tentativas de resgate. A falta de comunicação entre o serviço telefônico e as pessoas encarregadas de lidar com a emergência causou muitas mortes, segundo a comissão encarregada de avaliar os erros da operação.

Os desesperados pedidos eram transferidos para diferentes órgãos da prefeitura, como os bombeiros, a polícia ou o serviço médico. Somente em dois dos 130 pedidos de socorro houve a orientação para as pessoas deixarem os prédios.

Na Torre Norte, todas as escadas foram destruídas no 92º andar. Porém, na Torre Sul, havia uma escada pela qual era possível descer, o que os atendentes não sabiam.

Há registros, por exemplo, da surpresa de um atendente, dois minutos depois da primeira aeronave atingir o World Trade Center. O ataque terrorista foi inicialmente confundido com uma explosão pelo funcionário.

Por meio dos depoimentos, podem ser mapeadas ilhas de sobrevivência no meio da catástrofe. Grupos de pessoas se reuniram, tentando resistir, seja nos andares distantes dos aviões seja nos diretamente atingidos. Outros depoimentos demonstram o pavor por meio da resistência das vítimas em seguir as orientações. "Você deve se acalmar para conseguir respirar", pede um atendente.