Título: Para organizador, encontro fortaleceu união de movimentos rurais e urbanos
Autor: Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2006, Nacional, p. A8

Um dos fundadores do Fórum Social Mundial, o belga François Houtardt avaliou que o 2º Fórum Social Brasileiro deu fôlego ao surgimento de um movimento unificado, reunindo entidades rurais e urbanas que lutam pelas necessidades básicas da população excluída no País. Isso, para ele, pode ter repercussão internacional.

"Um movimento nacional bem constituído pode ser também uma base para a construção de um movimento mundial", acredita Houtardt. Ele observou que o problema ecológico pode ser o ponto em comum entre os países.

Houtardt afirmou que um eventual novo governo Lula deverá assumir direcionamento político mais alinhado com as demandas da população oprimida. "O governo popular de Lula não atendeu aos anseios dos movimentos sociais", afirmou, ao avaliar ser este o sentido que deve mover um governo de esquerda.

Presidente do Conselho de Administração do Centro Tricontinental, com sede na Bélgica, ele considera que a criação do Fórum Social Mundial - o primeiro foi realizado em Porto Alegre, em 2001 - modificou a consciência mundial de que não havia alternativa ao capitalismo - como defendia a ex-primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher. "Hoje há uma consciência de que um outro mundo é possível." Para ele, a expectativa mundial é como passar para uma atuação coletiva. "Este fórum (do Recife) marca o princípio deste processo, o que é positivo não somente para o Brasil, mas para o resto do mundo."

De acordo com Houtardt, os fóruns também servem de base para muitas redes, como a Via Campesina, que não teria a força de hoje sem a existência desse tipo de encontro.