Título: Okamotto nega drible na PF, mas resiste a voltar à CPI
Autor: João Unes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Nacional, p. A11

Acareação com Venceslau depende de advogado, diz presidente do Sebrae

O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, afirmou ontem que não fugiu da intimação da Polícia Federal para se submeter a acareação na CPI dos Bingos. Ele disse, porém, que ainda vai consultar seus advogados para avaliar se deve comparecer à comissão.

A CPI dos Bingos quer pôr Okamotto frente a frente com o economista Paulo de Tarso Venceslau, ex-militante petista, que o acusa de ser o articulador de um esquema ilícito de arrecadação para o PT, mas ele tem evitado a todo custo comparecer à acareação - inclusive com liminares no Supremo Tribunal Federal. Okamotto é investigado pela CPI dos Bingos por ter quitado empréstimo do PT a Lula, no valor de R$ 29 mil. Ele sustenta ter pago a dívida em dinheiro vivo e alega que usou o nome do presidente como depositário porque essa é uma exigência legal.

Ontem Okamotto afirmou que seus advogados não vêem legitimidade na intimação nem necessidade de seu retorno à CPI. Ele alega que os parlamentares querem tomá-lo como bode expiatório. "Querem usar minha imagem", disse.

O presidente do Sebrae negou que tenha evitado receber a intimação na quarta-feira para ir à CPI. Segundo ele, como na convocação anterior foi informado por fax, não sabia que dessa vez teria de receber o agente da Polícia Federal. "Não recebi a intimação porque tinha viagem marcada para Belo Horizonte", afirmou Okamoto, que esteve em Goiânia para participar do Encontro Nacional dos Sindicatos Patronais do Comércio Varejista.

Em entrevista ontem à Rádio Bandeirantes, o presidente do Sebrae revelou que, além de quitar as despesas de R$ 29 mil de Lula com o PT, deu dinheiro do próprio bolso ao deputado Vicentinho (PT-SP). "Eu nem falei na época (23 de novembro de 2005, em seu depoimento à CPI dos Bingos), mas eu também dei R$ 26 mil ou R$ 28 mil ao Vicentinho", disse.

Na entrevista, Okamotto negou ser rico e rejeitou o rótulo de "bondoso" por suas "doações". Para justificar as ajudas financeiras, alegou receber um salário razoável para o padrão nacional e vontade de colaborar com o partido nas campanhas. "Por que eu daria esse dinheiro para o Vicentinho? É porque eu tenho a consciência de que, se nós queremos ter um partido independente e que companheiros nossos disputem as eleições, alguém tem de arrumar o numerário", explicou. "A verba saiu da minha conta", disse Okamotto, que tem vencimentos em torno de R$ 20 mil no Sebrae.

No fim da tarde de ontem, o deputado Vicentinho foi procurado por telefone em seu gabinete em Brasília e em seu escritório de coordenação política, em São Bernardo. Não foi encontrado e não respondeu às ligações.