Título: Ciro deixa o cargo acusando oposição e 'burguezóides' da OAB de golpismo
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Nacional, p. A6

Ciro Gomes deixou o Ministério da Integração Nacional ontem do jeito que mais gosta. Rodeado de funcionários da pasta e aliados, ele acusou os "amigos e inimigos" da oposição e "seis burguezóides" da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de tentarem criar um clima de golpe. O ex-ministro e candidato a deputado pelo PSB do Ceará disse que prefere nem visualizar o cenário político se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse usado o poder "moral" e "político" de pedir apoio à população para garantir o respeito à sua figura. "Ele não fez isso. A nossa sorte é que ele é sereno e contido", afirmou. "A agenda do País não pode ser monopolizada por esse enfrentamento moralista e picareta, não perdôo mesmo."

Pela primeira vez, Ciro reconheceu erros políticos. O ex-ministro confessou ter errado na eleição presidencial passada. "Se eu fosse esse monstrengo, malucão que construíram na campanha, e quero confessar que ajudei nisso, pois cometi erros, jamais teria essa vida."

Depois, atacou, como de costume, os tucanos. "O PSDB de São Paulo quer me calar pela chantagem dos processos", disse. "Tudo que eu falo o senhor Fernando Henrique e o senhor José Serra entram com processo sem pé nem cabeça."

Ciro relatou ter enviado carta a Lula para ressaltar que fez parte de um governo "com um compromisso ético intransigente". Lembrou que o presidente demitiu o "homem mais poderoso", referindo-se a Antonio Palocci, ao perceber que houve "transgressão" no governo.

Na avaliação de Ciro, 80% dos ataques sofridos pelo governo tiveram caráter eleitoral, 10% foram por causa de problemas reais e outros 10% por vingança. Afirmou que a OAB promoveu uma exposição demagógica ao convidar o caseiro Francenildo dos Santos Costa para um evento em defesa da ética. "Eles chamam o Francenildo de caseiro como tática." Mas ressaltou que o "poderoso" que violou seu sigilo bancário demonstrou falta de estudo e burrice.