Título: Redesenho político nos Estados e capitais dá mais força ao PFL
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2006, Nacional, p. A4

PSDB transferiu a aliados o comando de dois de seus principais trunfos, o governo e a Prefeitura de São Paulo

A desincompatibilização de candidatos às próximas eleições, obrigatória para ocupantes de cargos executivos, redesenhou o mapa político nacional e encurtou o mandato de cinco governadores e três prefeitos de capitais. PFL e PC do B despontam como as forças mais beneficiadas e o PSDB transferiu aos aliados pefelistas o comando de dois de seus principais trunfos, o governo e a Prefeitura de São Paulo.

Pelo menos 17 dos 27 governadores serão candidatos à reeleição. Entre eles, alguns mantêm o suspense para evitar desgaste antecipado, como os peemedebistas Germano Rigotto (RS) e Paulo Hartung (ES), mas praticamente já estão em campanha. O governador do Ceará, Lúcio Alcântara, ainda tenta viabilizar sua candidatura na costura de uma aliança entre tucanos e outros partidos, como o PSB. Falta a ele, porém, apoio dentro do próprio PSDB.

Apenas o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), renunciará ao cargo no dia 9 para tentar um novo mandato, cumprindo promessa da última campanha. Será o sexto governador a dar lugar ao vice nos próximos nove meses de administração. Já os prefeitos candidatos de São Paulo, Aracaju (SE) e Boa Vista (RR) abdicaram de mais da metade de seus mandatos.

Apenas o tucano José Serra em São Paulo ocupava o cargo pela primeira vez. Marcelo Déda (PT), em Aracaju, candidato ao governo como Serra, e Tereza Jucá (PPS), em Boa Vista, que tenta uma vaga no Senado, somaram 63 meses de administração. Os cinco governadores que se afastaram ontem dos cargos já não podiam renovar o mandato. Serão todos candidatos ao Senado, exceto o paulista Geraldo Alckmin, presidenciável tucano: Ronaldo Lessa (PDT), em Alagoas; Marconi Perillo (PSDB), em Goiás; Jarbas Vasconcelos (PMDB), em Pernambuco, e Joaquim Roriz (PMDB), no Distrito Federal.

"O maior ganho partidário para PFL e PC do B, em especial, é o aumento da visibilidade dos partidos e a perspectiva de ampliar as bancadas proporcionais", avalia o diretor de pesquisas do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcos Figueiredo. O secretário-geral do PFL, Saulo Queiroz, estima que a legenda pode levar até três novas vagas para deputado federal só em São Paulo. Em Pernambuco, o pefelista Mendonça Filho assumirá o governo e será candidato à reeleição, com apoio de Jarbas.

Outra grande aposta do PFL - tradicional coadjuvante em São Paulo - é tentar reeleger o prefeito Gilberto Kassab em 2008, em nova dobradinha com o PSDB. "Se ele fizer um bom governo, e fará, por que não?", afirma o secretário.

Já os comunistas, na esteira do PT, vão administrar sua primeira capital. Edvaldo Nogueira Filho (PC do B) assume a prefeitura de Aracaju no lugar de Déda. "Para o PC do B, ameaçado pela cláusula de barreira (mínimo de votos para garantir benefícios legais), é uma vaga importante", avalia Marcos Figueiredo.

O PSDB perde em São Paulo e Goiás, mas herda o governo do DF, com o afastamento de Joaquim Roriz (PMDB). A tucana Maria de Lurdes Abadia substituirá o peemedebista, animado com a remota hipótese de tornar-se vice na chapa de Alckmin. Terá de se contentar com uma candidatura ao Senado.