Título: Agora, Tripoli é o segundo
Autor: Iuri Pitta
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2006, Metrópole, p. C3,4
Com a renúncia de José Serra, quem assumirá a Prefeitura na ausência de Gilberto Kassab é o presidente da Câmara. Ou seja, até o fim do ano, Roberto Tripoli (sem partido) vai exercer o cargo mais importante da cidade quando o pefelista estiver fora.
Essa situação já anima discussões na Câmara. Grupos políticos estão de olho na próxima eleição, em dezembro, do presidente da Casa. Mais que comandar o Legislativo, o eleito fará o papel de vice de Kassab em 2007, com chance de manter o posto em 2008.
Reeleito em dezembro, Tripoli não pode mais concorrer ao comando da Câmara. Aos amigos, admite que a possibilidade de assumir o principal gabinete do Edifício Matarazzo lhe agrada. No início do ano, Tripoli chegou a ser prefeito em exercício, quando Serra e Kassab viajaram juntos para os Estados Unidos. Foi discreto, como a prudência recomendava, mas nas próximas vezes deve ter mais autonomia.
Ainda parece cedo, mas a possibilidade de Kassab ser substituído por um vereador quando estiver ausente vai pesar nas articulações do governo. Se ampliar a base deixada por Serra e tiver pelo menos 28 parlamentares fiéis, ele não só aprovará projetos durante o mandato como poderá escolher quem vai substituí-lo quando deixar a cidade.
Nos bastidores da Casa, poucos apostam que o novo prefeito manterá a tática de Serra, que conseguiu aprovar projetos mesmo sem dispor de maioria consolidada. Kassab não tem o mesmo peso político do ex-prefeito. O passado ligado ao malufismo é suficiente para outros parlamentares retomarem planos de pressionar o governo por cargos. Mas a permanência do secretário do Governo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, deve fazer com que as coisas não mudem muito, em princípio.