Título: Alckmin resiste a fazer mudanças na campanha
Autor: Christiane Samarco, Wilson Tosta e Alexandre R.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2006, Nacional, p. A6

O ex-governador e pré-candidato tucano à Presidência Geraldo Alckmin demonstrou ontem que não está disposto a mudar o estilo da campanha, como querem alguns correligionários. Ele aproveitou ontem o lançamento da candidatura do deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) ao governo do Rio para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e novamente usar uma metáfora futebolística, marca registrada do adversário.

No auditório lotado da sede a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio, Alckmin afirmou que "o povo quer menos espetáculo e mais compromisso com princípios, com valores" e deu um sinal de que continuará a bater na tecla eficiência e da correção na gestão pública como o seu diferencial. Irônico, classificou o presidente Lula de "virtual".

"Outro dia ouvi o presidente dizer que a nossa saúde se aproxima da perfeição. Não conhece a realidade triste dos que precisam do Sistema Único de Saúde", acusou Alckmin. Apontando para caciques tucanos presentes, como o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, o governador de Minas, Aécio Neves, e o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, afirmou que o PSDB tem um time de "Ronaldinhos".

"Política é equipe", disse Alckmin, para em seguida dar uma estocada no governo Lula. "Existe um provérbio que diz: diga-me com quem andas e direi quem tu és."

Tasso prosseguiu com as críticas. "O procurador-geral indiciou praticamente todo o governo como quadrilha, uma organização criminosa montada para usurpar o dinheiro público. Só não foi todo o governo porque não incluiu o presidente", disse, classificando como ato de violência inédita no País a quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Em entrevista ao Estado, Nildo desmentiu o então ministro Antonio Palocci, garantindo que ele freqüentava uma mansão no Lago Sul, em Brasília, alugada para partilha de dinheiro e festas.

O senador ainda fez referência ao ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT), alertando para o perigo da impunidade: "Se todo mundo rouba e não acontece nada, se o ministro da Casa Civil rouba e está de jatinho no dia seguinte, a pessoa também assalta um carro e vale tudo", disse o presidente do PSDB. Dirceu vem retomando contatos políticos e, pelo menos em um deles, em Minas, voou de jatinho.

"A grande mensagem do governo é: somos todos ladrões, mas o Brasil todo é, então votem em nós, que somos os ladrões dos pobres. O PSDB não é igual, nem os brasileiros são iguais", alfinetou Tasso.

Diante do ex-governador do Rio, Marcello Alencar, Tasso saudou a candidatura de Paes como uma chance de os tucanos repetirem a façanha de 1994, quando elegeram Fernando Henrique para a Presidência, Alencar para o governo do Rio, Mário Covas em São Paulo e Eduardo Azeredo em Minas.

Apesar de Azeredo ter aparecido nas investigações da CPI dos Correios como beneficiário do valerioduto, em 1998, na campanha à reeleição, Tasso disse que os quatro "fizeram o Brasil decente" e o PSDB fará o mesmo se conseguir, além da Presidência, o governo dos três principais Estados do País.