Título: Parte do PFL fala no fim da aliança com PSDB
Autor: Christiane Samarco, Wilson Tosta e Alexandre R.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2006, Nacional, p. A6

A cúpula do PFL vive dias de tucanos. Programada para este fim de semana, em Brasília, a escolha do vice na chapa do pré-candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) foi adiada pela Executiva Nacional por causa da má performance do ex-governador nas pesquisas, da dificuldade de compor alianças nos Estados em que o PFL é favorito para governador e da briga interna pelo posto de vice, que divide a cúpula.

Ontem, no Rio, em mais um capítulo desse impasse, integrantes do comando nacional do PFL, entre eles o prefeito do Rio, Cesar Maia, causaram mal-estar entre dirigentes do PSDB ao levantar, em reunião com a presença de Alckmin, a possibilidade de o PFL não integrar a chapa do PSDB. O mais ousado foi Maia, que, em seminário promovido pelo Instituto Tancredo Neves, do PFL, dirigiu-se a Alckmin e "ofereceu" a possibilidade de, para ajudar o seu futuro governo com uma bancada maior, não integrar a chapa majoritária.

Na saída, um contrariado Alckmin disse acreditar ser possível conciliar os dois fatores: eleger mais deputados e ter vice pefelista.

"Para elegermos mais deputados, o melhor para o PFL talvez seja não ter candidato a vice e com isso ter mais flexibilidade para montar as alianças, para poder oferecer a vossa excelência uma bancada com mais 10, 12 deputados, para dar sustentabilidade política a seu governo", afirmou o prefeito. "Já disse ao senador Jorge Bornhausen (presidente nacional do PFL): se na discussão com a direção do PSDB chegarmos à conclusão de que devemos priorizar a maximização de nossa bancada, é o melhor serviço que podemos fazer a seu governo."

O senador José Agripino Maia (PFL-RN), cotado para ocupar a vaga de vice de Alckmin, disse que, se o PMDB tiver candidato a presidente, haverá pressão no PFL para que não integre oficialmente a chapa tucana, limitando-se a apoiá-la fora da coligação formal.

Mais tarde, ao chegar à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para o lançamento da pré-candidatura do deputado Eduardo Paes ao governo fluminense, Alckmin afirmou que os pefelistas quiseram dizer que não colocariam obstáculos à formação da chamada tríplice aliança (PSDB/PFL/PMDB), que até agora não foi colocada.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), demonstrou surpresa com a proposta de Maia. "Estou sabendo agora e não estou entendendo. Temos compromisso fechado com o PFL e qualquer coisa que digam em contrário, e o PFL não falar diretamente comigo, como presidente do partido, é fofoca."

O problema levantado por Maia é causado pela verticalização, que impede partidos com candidatos a presidente de se coligarem nos Estados. Se não indicar o vice de Alckmin, apoiando-o sem coligação formal, o PFL terá liberdade para se unir a outras legendas nos Estados - o alvo é o PMDB. Isso aumentaria as chances dos candidatos a deputado federal. Mas a não-formalização da aliança significaria perda de 5 minutos na TV e no rádio.

"É muito mais importante resolver essa questão nos Estados do que definir a Vice-Presidência", resumiu o senador José Jorge (PFL-PE), que disputa a participação na chapa de Alckmin com Agripino. O grupo de de Bornhausen apóia José Jorge, enquanto o grupo do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) prefere Agripino.