Título: Após 10 dias, executivo do Credit Suisse é solto
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2006, Economia & Negócios, p. B11

Polícia Federal interrogou Schaffner durante 3 horas

De calça jeans e camisa branca, o suíço Peter Schaffner deixou a Polícia Federal em São Paulo à 0h43 de ontem. Depois de dez dias na custódia da PF, ele saiu carregando um saco de plástico preto e uma pasta executiva. Schaffner foi acompanhado por seus três advogados até o estacionamento e não se pronunciou.

O interrogatório do executivo, responsável na matriz do Banco Credit Suisse pelas atividades do escritório de representação no Brasil, durou cerca de três horas. A polícia investiga, além de Schaffner, outros seis gerentes do escritório por suposta lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha, por meio de serviços oferecidos pela instituição.

"O objetivo é demonstrar que o escritório de representação do banco, vinculado diretamente à matriz na Suíça, operaria de modo ilegal no País, captando clientes interessados em abrir e movimentar contas bancárias numeradas no exterior, em especial na Suíça, a fim de amparar remessas não autorizadas de divisas, dissimuladas em forma de operações de compra de títulos de capitalização daquele banco", diz nota da PF.

Os advogados do executivo - que acompanharam o depoimento - afirmaram que ele ficará em São Paulo no fim de semana, acompanhado da esposa, uma brasileira não identificada. O Ministério Público Federal e a PF não pediram à Justiça a prisão preventiva de Schaffner. Isso ocorreria se ele se negasse a depor no inquérito policial.

Na terça-feira da semana passada, a PF apreendeu documentos e computadores no escritório, na Av. Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista. Schaffner foi preso no dia seguinte na área VIP do aeroporto internacional de Guarulhos, quando embarcaria para a Suíça.

De acordo com a PF, ele adiantou sua ida, pois a passagem estava marcada para o início deste mês. Os passaportes do executivo e dos outros gerentes (quatro são também suíços e há dois brasileiros) foram apreendidos.

Na sexta-feira, o desembargador Cotrim Guimarães, do Tribunal Regional Federal, concedeu liminar aos advogados do escritório do Credit Suisse, permitindo que eles tenham acesso ao procedimento criminal. O pedido havia sido negado pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal, especializada em crimes financeiros. Foi Sanctis quem expediu a prisão temporária do executivo e também a prorrogou por mais cinco dias.